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O Hamas aceitou uma nova proposta dos mediadores do Egito e do Qatar para um cessar-fogo de 60 dias, que implica uma troca de reféns e, segundo disse uma fonte egípcia à Reuters, abre um caminho para um “acordo abrangente” para o fim da guerra na região.

O documento foi apresentado no domingo no Cairo, numa reunião que juntou representantes do movimento palestiniano ao primeiro-ministro qatari Mohammed bin Abdulrahman Al Thani e ao Presidente egípcio, Abdel Fattah el-Sisi.

Segundo a fonte citada pela Reuters, durante os 60 dias da trégua proposta, o Hamas libertaria metade dos cerca de 50 reféns israelitas ainda em Gaza — incluindo 10 reféns vivos — em troca por prisioneiros palestinianos em Israel.

As imprensas árabe e israelita ainda são pouco claras sobre quantos prisioneiros palestinianos estão em causa. O Haaretz, com base numa fonte palestiniana do jornal libanês Al Mayadeen, menciona que 140 prisioneiros com penas de prisão perpétua seriam libertados, mais 60 com penas acima dos 15 anos. Já o Channel 12 israelita, citado pelo Times of Israel, fala em cerca de 150 presos palestinianos em prisão perpétua.

A fonte palestiniana referida pelo Haaretz indica que as Forças de Defesa de Israel, além de cessar as movimentações militares, terão ainda de recuar cerca de um quilómetro no norte e no leste de Gaza, excluindo as cidades de Shujaiya e Beit Lahia.

Este recuo militar serviria para assistir à entrada de ajuda humanitária na cidade, segundo a televisão pan-árabe Al-Jazeera. Esta assistência, explicita o Haaretz, inclui combustível, água, eletricidade, reconstrução de hospitais e padarias, assim como de limpeza de detritos — tudo coordenado pelas Nações Unidas, o Crescente Vermelho e outras organizações internacionais.

A proposta seria comunicada ao governo israelita através dos Estados Unidos da América, de modo a “pressionar Israel a aceitá-la e pôr fim à operação militar na cidade de Gaza”. diz uma fonte egípcia à agência EFE, citada pela Lusa. Ainda não há resposta israelita mas, segundo o Times of Israel, a proposta já foi recebida pelo governo do país.

Ainda assim, o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu considerou que esta posição era um sinal de que o Hamas estava pronto a ceder perante as ameaças israelitas de expansão militar em Gaza, onde já morreram mais de 61 mil palestinianos.

“Eu, como vocês, vejo os relatos nos media”, disse Netanyahu, em declarações partilhadas no site do governo. Para o primeiro-ministro, então, é possível retirar “uma impressão”: a de que o “Hamas está sob pressão atómica“.

Netanyahu diz que Hamas está sob “pressão atómica” para chegar a acordo

A proposta é muito próxima do plano que tinha sido apresentado pelo enviado norte-americano, Steve Witkoff, em maio deste e que Israel já tinha aceitado, adianta a fonte egípcia mencionada pela Reuters.

Porém, o sinal vindo de dentro do Governo foi negativo. Bezalel Smotrich e Itamar Ben-Gvir, ministros da ala da extrema-direita do governo de Netanyahu, recusaram aceitar o que consideram ser um “acordo parcial”.

Ben Gvir, ministro da Segurança Interna, considerou na rede social X que “Netanyahu não tem mandato para chegar a um acordo parcial”. Já Smotrich diz que a pressão sobre a qual está o Hamas é a principal razão para a vontade de acordo.

“O Hamas está sob grande pressão devido à conquista de Gaza, pois compreende que isso irá eliminá-lo e pôr fim à sua história. Por isso, está a tentar impedir que isso aconteça, trazendo de volta o acordo parcial. É exatamente por isso que não podemos render-nos e conceder ao inimigo uma tábua de salvação“, escreveu Smotrich na rede social X.