Luís Filipe Vieira assumiu esta terça-feira, em entrevista à TVI/CNN, que será candidato à presidência do Benfica nas eleições de 25 de Outubro.
Vieira chegou à Luz em 2003 com espírito de missão e 87% dos votos, e conquistou 22 troféus, sete campeonatos, entre os quais o tetra, em 18 anos. Agora tenta o regresso, após saída conturbada em 2021, entre processos judiciais e polémicas.
Filipe Vieira assumiu ter reflectido depois de ver o rumo do Benfica e ponderado, apesar de ter afirmado que nunca voltaria à liderança do clube.
“Ao longo destes quatro anos, tudo foi destruído, menos o património, que está bastante deteriorado. É complicado ver o que aconteceu ao clube”, justificou.
“A situação não é como as pessoas pretendem fazer crer. O Benfica não tem estratégia, perdeu a corrida dos direitos televisivos… Deixei o Benfica com uma dívida de 80 ou 90 milhões de euros, mas tudo liquidado. O que fez o Benfica desde então?”, questionou, lamentando o comportamento de Rui Costa, que acusou de “falta de carácter comigo. Tentou ignorar-me. Candidato-me pelo Benfica, não contra o Rui Costa”, com quem garantiu não estar de relações cortadas.
“Não falou comigo desde que foi eleito”, disse, revelando ter “informações preocupantes sobre o Benfica”, que tem um “comportamento de clube rico, a contratar jogadores de 30 milhões em vez de apostar no scouting”.
Vieira garantiu ter condições para ser presidente, apesar dos problemas de reputação que um regresso pode acarretar.
“Não prejudico o clube, não vou fugir da justiça. Não lesei o Estado. Confio na justiça e no que fiz, sou inocente”, alegou, disposto a ser apenas julgado pelos sócios.
“Se tivesse problema de consciência não estaria aqui sentado. Vai ter a resposta nas urnas”.
Vieira garantiu nunca ter usado o Benfica “para proveito próprio”, assumindo que saiu “pior do que entrei. Entrei no Benfica com milhões e saí com muito menos”, declarou, sem contar com os três milhões de caução que ainda não recuperou.
“Já ganhei o primeiro processo”, notou, explicando a relação com Ricardo Salgado, do BES, que “nunca foi meu sócio. Se o banco financiava é porque eu pagava. Quem é sério está sempre protegido”.
“Perdi muito dinheiro no Benfica”. Ainda assim e contra o sentimento da família, decidiu avançar:
“Estive quatro anos a olhar para aquilo tudo. Dizer que o Benfica está bem é esconder a verdade. Os resultados desportivos podem mascarar muito”, avisa, dizendo-se preocupado com o planeamento.
Vieira não disse qual seria a primeira medida caso seja eleito presidente, mas garantiu que Bruno Lage não será demitido. Também garantiu que não fará do Benfica um clubes de amigos, numa indirecta a Rui Costa, aproveitando para visar Pedro Proença e demarcar-se de influências políticas.
“Não sei se é um clube partidário. Não tenho nada contra o PSD, mas comigo não apresentava o projecto como sucedeu com esta direcção”.
Sobre Proença, Vieira mantém tudo o que disse na entrevista à NOW e revelou ter “ainda mais para falar”, separando as águas entre o presidente e a instituição FPF.
“Não fiz qualquer acusação à FPF, mas confirmo tudo o que disse sobre o presidente. E ainda há mais”, adiantou, reforçando o discurso do medo instalado no futebol e nos clubes.
Luís Filipe Vieira deixou o Benfica na sequência da Operação Cartão Vermelho, por suspeição dos crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento de capitais, tendo estado em prisão domiciliária como medida de coação, num processo que se encontra em fase de instrução. Vieira é o sexto candidato às eleições do Benfica, juntamente com Rui Costa, João Noronha Lopes, João Diogo Manteigas, Cristóvão Carvalho e Martim Mayer.