O gabinete do primeiro-ministro informa que foi convocado para esta quinta-feira um Conselho de Ministros extraordinário para “aprovar medidas de apoio às populações afectadas pelos incêndios florestais”.
ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA
Terminada a situação de alerta, e quando há ainda dois grandes incêndios ativos e a preocupar, o gabinete do primeiro-ministro informa, esta quarta-feira, que Luís Montenegro convocou o elenco governativo para um Conselho de Ministros Extraordinário a realizar amanhã e com um único ponto na agenda: “aprovar medidas de apoio às populações afectadas pelos incêndios florestais”.
A reunião decorrerá em Viseu, um dos distritos mais afetados pelos incêndios dos últimos dias.
Este anúncio acontece um dia depois de, em comunicado conjunto, os Ministérios da Economia e Coesão Territorial e da Agricultura e Mar, terem informado de que estão, “desde o primeiro dia dos fogos florestais, a proceder ao levantamento dos prejuízos nas regiões afetadas pelos incêndios no Centro e Norte do país, assegurando uma presença constante no terreno junto dos agricultores e comunidades atingidas”.
O objetivo é, explicavam, o de garantir “uma avaliação rigorosa e rápida da extensão dos danos sofridos” para que fosse possível “avançar rapidamente para o apoio financeiro” aos afetados pelos incêndios, estando o foco centrado na identificação de “necessidades de reparação de explorações”, “reposição do potencial produtivo” e de “primeiras habitações afetadas”, mas também de indústrias e comércios.
A promessa é a de que, “o Governo, tal como fez nos incêndios de setembro de 2024, ajudará rapidamente as populações, agricultores, produtores, empresários e os que sofreram perdas e prejuízos, em primeira habitação, culturas, animais, e equipamentos agrícolas, industriais e comerciais”.
Cenário atual e as (muitas) críticas à festa do Pontal
Desde julho que Portugal continental tem sido afetado por vários incêndios de grande dimensão, sobretudo nas regiões Norte e Centro, que já provocaram três mortos, incluindo um bombeiro, e vários feridos, alguns com gravidade, além de casas de primeira e segunda habitação destruídas, bem como explorações agrícolas e pecuárias, e uma vasta área florestal.
No final da semana passada foi ativado o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, ao abrigo do qual chegaram dois aviões Fire Boss para reforço do combate aos fogos. Mas a atuação do Governo tem sido alvo de críticas da oposição, da esquerda à direita, não só pelas férias do primeiro-ministro mas, também, pela realização da Festa do Pontal, do PSD, durante um dos períodos mais críticos dos incêndios.
O secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, acusou Montenegro de andar alheado do país, entre férias e uma festa, enquanto o país enfrentava incêndios, e o presidente do Chega, André Ventura, acrescentou que “o primeiro-ministro é eleito para governar e não para fazer festas”.
Quem também não tem escapado à contestação é a ministra da Administração Interna (MAI), Maria Lúcia Amaral, que tem sido acusada de falta de esclarecimentos sobre os problemas operacionais. O Presidente da República afirmou que “nem sempre quem está em situações de sufoco é capaz de perceber a importância de responder e esclarecer” a opinião pública.
Saliente que, e segundo dados oficiais provisórios, até 20 de agosto arderam mais de 222 mil hectares no país, ultrapassando a área ardida em todo o ano de 2024.