O Presidente norte-americano, Donald Trump, ordenou ao Departamento de Segurança Interna que pinte de preto o muro fronteiriço com o México em toda a sua extensão para o tornar mais difícil de transpor, no contexto da ofensiva anti-imigração da Administração republicana.

“Vamos pintá-lo de preto”, anunciou a secretária norte-americana de Segurança Interna, Kristi Noem, esta terça-feira, no estado do Novo México. “É um pedido específico do Presidente, que sabe que com as temperaturas elevadas nesta região, quando algo é pintado de preto, torna-se ainda mais quente, tornando-se mais difícil de escalar”, acrescentou.

A intenção não é nova. Trump expressa-a desde 2019, durante o seu primeiro mandato presidencial. No ano seguinte, a guarda fronteiriça norte-americana chegou mesmo a pintar de preto pequenas secções do muro no Novo México e no Arizona, referindo já na altura a tese (de Trump) de que a cor escura aquecia a estrutura e dificultava a sua transposição, mas justificando oficialmente a intervenção com outra finalidade: a conservação do aço. Planeava-se pintar 80 km de muro, mas o projecto não chegou a ir para a frente.

E já na altura, a pintura, que se estimava custar cerca de 1,2 milhões de dólares por milha (1,6 km), suscitava críticas da oposição democrata. “Os nossos militares têm coisas mais importantes para fazer do que embelezar o muro de Trump”, declarava então o senador democrata Dick Durbin.

Noem não esclareceu quando custará agora a intervenção, referindo contudo no Novo México, citada pela Fox News, que as autoridades dispõem agora de “uma quantidade incrível de recursos” financeiros alocados pelo orçamento federal recentemente aprovado pelo Congresso em Washington, que destinou 46 mil milhões de dólares para a construção de 1120 quilómetros de novas secções do muro fronteiriço, bem como para a instalação de sensores e câmaras de videovigilância.

Questionado pelo site noticioso Axios, o Departamento de Segurança Interna também rejeitou esclarecer quais os custos envolvidos com a pintura da estrutura. “Devido ao processo de contratação pública em curso para completar o muro, seria irresponsável para o contribuinte norte-americano divulgar números, pois tal poderia prejudicar futuras adjudicações”, disse um porta-voz do Governo norte-americano.

A CNN escreve nesta quarta-feira que actuais e antigos elementos da guarda fronteiriça admitem que a pintura não terá o resultado ambicionado e que se procura apenas satisfazer a vontade do Presidente.