O Google vai implementar em Belo Horizonte, nos próximos meses, um projeto-piloto para o combate ao mosquito Aedes aegypti por meio de uma tecnologia que automatiza a liberação e o monitoramento dos mosquitos com Wolbachia, uma bactéria que reduz a transmissão de doenças como dengue, zika e chikungunya. A iniciativa é fruto de uma parceria da Debug, do Google, com o World Mosquito Program (WMP) Brasil e a Wolbito do Brasil. Trata-se do primeiro projeto da Debug no Brasil.
A Debug desenvolveu vans adaptadas com tecnologias que fazem a liberação e o monitoramento das ações por GPS, permitindo a cobertura de áreas mais extensas em menos tempo.
“Estamos testando um modelo que pode ser replicado em diversas partes do mundo para combater a dengue, zika, chikungunya e outras doenças transmitidas por mosquitos”, disse Linus Upson, presidente da Debug.
A empresa usa inteligência artificial (IA) para otimizar o processo de criação de mosquitos, seleção dos insetos com base no sexo e liberação automatizada das populações dos espécimes, permitindo a cobertura de grandes áreas com mais eficácia do que métodos manuais. Em Singapura, onde opera desde 2018, a Debug aplica um método complexo de separação de machos e fêmeas do Aedes aegypti. Neste método, somente os machos inoculados com a bactéria Wolbachia são liberados. Estes, ao se reproduzirem, passam a herança da bactéria para os descendentes, estabelecendo, assim, uma nova população destes mosquitos todos com Wolbachia, reduzindo a capacidade de transmissão de doenças e eliminando a necessidade de novas liberações contínuas.
A Wolbito do Brasil e o World Mosquito Program Brasil são responsáveis pela operacionalização do Método Wolbachia no país. O método, conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com financiamento do Ministério da Saúde, está presente no Brasil há mais de dez anos. Niterói (RJ) foi o primeiro município do país coberto totalmente pelo método e registrou redução de 69% nos casos de dengue, informou o Google.
Quando esses mosquitos com a Wolbachia são liberados no meio ambiente, eles se reproduzem com mosquitos locais, transferindo a bactéria para as próximas gerações. Com o tempo, a população de mosquitos com Wolbachia aumenta, reduzindo a capacidade de transmissão de doenças e eliminando a necessidade de novas liberações contínuas.
O método é implementado pelo WMP em Presidente Prudente (SP), Uberlândia (MG) e Natal. Pelo WMP, já foi conduzido em outras seis cidades: parte da cidade do Rio de Janeiro (RJ), Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR), Campo Grande (MS), Joinville (SC) e Petrolina (PE). Pela Wolbito do Brasil, seis municípios estão com a implementação em andamento: Balneário Camboriú (SC), Blumenau (SC), novas áreas de Joinville (SC), Valparaíso de Goiás e Luziânia, em Goiás, e Brasília. A escolha dos municípios é feita pelo Ministério da Saúde e a implementação, realizada pela Wolbito do Brasil, conta com o apoio da Fiocruz.
“Estamos cobrindo 5 milhões de pessoas no Brasil com o projeto e esperamos aumentar essa cobertura para mais 7 milhões de pessoas a cada seis meses nos próximos anos, para atingir cada vez mais brasileiros. Estamos muito animados em anunciar essa parceria e em trabalhar no Brasil”, afirmou Upson.
Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue — Foto: Pixabay