Todo mundo gosta de sair de férias. Até mesmo assassinos profissionais. Em “Anônimo 2“, que estreia nesta quinta (21), o personagem de Bob Odenkirk só quer descansar. Mas drinques à beira da piscina não são exatamente o que Hutch Mansell vai encontrar.
Quando sua família decide visitar um antigo parque aquático, uma organização criminosa se hospeda no quarto ao lado. É uma situação digna do advogado ardiloso que marcou a carreira do ator. Parece que Saul Goodman, o falastrão de “Breaking Bad” que liderou a própria série de 2015 a 2022, ainda não abraçou totalmente os seus dias de folga.
“Não acho que Hutch seja uma resposta ao Saul. Mas existem várias semelhanças entre eles. Os dois querem muito ser honestos e se conectar com as outras pessoas. Os dois têm muita raiva, são muito inteligentes e nunca desistem. A diferença é que Hutch luta”, diz Odenkirk, que realiza boa parte de suas sequências de ação.
Se o rosto de “Better Call Saul” se limita a crimes de colarinho branco e apertos de mão com mafiosos, Hutch vê a porradaria como modo de não ser um “zé ninguém”. A escolha resulta em dívidas bilionárias, herdadas do longa original, e a vida dupla entre entes queridos e armas perigosas.
Algumas dessas pressões, inclusive, tornam a franquia um projeto pessoal. Em 2021, para promover o primeiro capítulo, Odenkirk falou sobre invasões domiciliares que o ameaçaram junto da esposa e dos filhos. O raio caiu duas vezes no mesmo lugar e ainda assim ele resistiu aos impulsos.
Mas a fúria permaneceu e os filmes vieram para aliviar o estresse, com direito a socos, tiros e acrobacias mirabolantes. Mais do que isso, podem também ter salvado a sua vida.
Em 2021, o ator sofreu um ataque cardíaco ao gravar a última temporada de “Better Call Saul“, série derivada de “Breaking Bad”, uma das mais celebradas da televisão no século 21. Seu coração parou de bater por 18 minutos e o pânico se espalhou pelas redes sociais.
Dias mais tarde ele já se recuperava e o set voltaria um mês depois. Em suas palavras, não fosse a preparação física exigida por Hutch, aquele teria provavelmente sido o seu fim.
“O cinema de ação é incrível. É impossível ver tudo, mas me inspiro bastante no trabalho de Jackie Chan, por exemplo. É o tipo de coisa que você pode compartilhar com muitas pessoas, e existem fãs que morrem de paixão pelo gênero.”
Da primeira vez que viu “Police Story” —clássico de Hong Kong reconhecido pela criatividade nas cenas de perseguição— ao interesse pela filmografia sangrenta do indonésio Timo Tjahjanto, Odenkirk encontrou no gênero um enorme playground.
Neste retorno, que marca seu primeiro grande protagonista desde “Better Call Saul”, chama a atenção como máquinas de fliperama, escorregadores e pistolas d’água amplificam as sequências mirabolantes. São elementos que ampliam o absurdo e autorizam um homem comum a ser seu próprio “John Wick“.
“É o tipo de gênero que nos permite brincar com aspectos e comportamentos que jamais veríamos na vida real. Nós precisamos que os filmes de ação sejam um pouco mágicos.”