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https://www.archdaily.com.br/br/1033079/cafe-and-restaurante-phum-sambo-khoan-plus-partners
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Área
Área deste projeto de arquiteturaÁrea:
680 m² -
Ano
Ano de conclusão deste projeto de arquiteturaAno:
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Fotógrafo
Renovação com Reverência: Dando Vida à Estrutura – Quando encontramos o edifício pela primeira vez, ele era apenas uma estrutura de concreto inacabada, de caráter puramente utilitário, com geometria marcante e grande potencial, mas fria e desconectada do entorno. Este projeto representa uma renovação cuidadosa dessa estrutura existente — um esqueleto ousado, porém bruto, que antes se erguia apenas como forma funcional. Em vez de demolir ou esconder o que já existia, a abordagem arquitetônica se baseou no respeito: um processo de adaptação, aprimoramento e contenção. O resultado é uma transformação cuidadosamente orquestrada, que devolve vida à estrutura original e a conecta de forma profunda à natureza, ao clima e ao conforto humano.
O edifício existente era um rígido enquadramento de concreto: lajes, pilares e vigas expostos formando uma malha estrutural. Possuía força e clareza, mas carecia de calor, propósito e habitabilidade. Optamos por não alterar seus ossos, mas sim por “reenquadrá-los” — no sentido literal e também no figurado. A estratégia central foi celebrar a integridade da estrutura original, sobrepondo a ela novos elementos capazes de suavizar sua presença, melhorar seu desempenho ambiental e criar uma experiência espacial mais acolhedora.
© Serey Soursdey
© Serey Soursdey
A madeira foi introduzida como contraponto ao concreto — leve, quente e tátil. Brises móveis, guarda-corpos, forros e revestimentos de madeira foram integrados com cuidado, conferindo ritmo e calor ao rígido esqueleto. Esses acréscimos não têm função apenas estética: desempenham papel climático essencial, oferecendo sombra e filtrando a luz tropical ao longo do dia. O uso da madeira devolve escala humana ao edifício, convidando ao toque e à interação com suas superfícies e transições.
Uma das intervenções mais marcantes foi o uso da vegetação como material de projeto. Trepadeiras e plantas pendentes foram incorporadas à composição arquitetônica, caindo das bordas das lajes e envolvendo elementos estruturais. Essas espécies funcionam como filtros vivos, resfriando o ar, projetando sombras dinâmicas e desfazendo as fronteiras entre o construído e o natural. O edifício passa a ser moldura para a natureza, e não uma barreira contra ela.
Do ponto de vista espacial, a renovação privilegia a abertura e a permeabilidade. O térreo foi concebido como um espaço sombreado e ao ar livre, que se integra sem barreiras à paisagem. Essa configuração aproveita a ventilação cruzada natural e reduz a dependência de sistemas mecânicos de climatização. No pavimento superior, estratégias passivas de sombreamento, isolamento de cobertura verde e iluminação filtrada garantem conforto térmico mesmo no clima tropical.
© Serey Soursdey
© Serey Soursdey
Este projeto transforma uma estrutura abandonada em um pavilhão arquitetônico sereno, sem apagar sua história. Mostra que a renovação, quando feita com intenção e sensibilidade, pode criar espaços mais significativos e enraizados do que começar do zero. Ao trabalhar com o que já existe, o projeto preserva a memória presente nos materiais, ao mesmo tempo que permite que nova vida floresça por meio deles. Em essência, A Moldura Viva é uma narrativa de transformação silenciosa — um exemplo de renovação sustentável enraizada no contexto, no clima e no caráter, onde a arquitetura escuta antes de falar, e cresce em vez de substituir.