Os incêndios florestais que este mês têm consumido milhares de hectares por dia em Portugal provocaram ao final na noite de terça-feira a terceira vítima mortal, um homem de 65 anos que tentava travar o avanço das chamas em Mirandela. A morte foi confirmada na manhã desta quarta-feira, 20 de Agosto, pelo presidente da Câmara Municipal, que explicou que a vítima terá sido atropelada pela máquina de rasto que conduzia, quando tentava ajudar na criação de uma zona corta-fogo.

Tanto o Presidente da República, como o primeiro-ministro enviaram condolências aos familiares da vítima. “O esforço inexcedível dos muitos operacionais envolvidos no combate a esta guerra contra os incêndios é credor de toda a gratidão do país”, escreveu Luís Montenegro na rede social X.





O incêndio que lavrou durante três dias em Mirandela foi dominado durante a tarde, após consumir cinco a seis mil hectares, conforme adiantou à agência Lusa o comandante sub-regional de Trás-os-Montes da Protecção Civil.

Esta quarta-feira deflagraram dois novos fogos em zonas de mato que, ao final da tarde, preocupavam as autoridades: em Figueira de Castelo Rodrigo, no distrito da Guarda; e em Valongo, no Porto. Este último incêndio acabou por entrar em fase de resolução pelas 20h30.

Mais a norte, o fogo que começou na Galiza e atravessou a fronteira para Portugal, em Montalegre, voltou a ganhar força em Chaves e atingiu a zona industrial da Cocanha. As chamas consumiram uma grande quantidade de lenha para venda e aproximaram-se de uma sucata, onde existiriam muitos produtos inflamáveis. O incêndio chegou a estar em fase de resolução durante a manhã, mas fortes reacendimentos alimentaram as chamas em três frentes, nas zonas de Vila Verde da Raia, Bustelo e Vila Meã.

O incêndio que continua a mobilizar o maior número de meios deflagrou a 13 de Agosto em Arganil, no distrito de Coimbra, e estendeu-se depois aos concelhos de Pampilhosa da Serra e Oliveira do Hospital (ainda em Coimbra), Seia (Guarda), Covilhã e Castelo Branco (no distrito homónimo).

Durante a tarde, uma das frentes que lavravam em Seia passou para a Covilhã, avançando da zona da Torre (da Serra da Estrela) para Penhas da Saúde e Unhais da Serra. “Na outra linha do fogo mantém-se forte preocupação com as localidades de Dominguizo e Vales do Rio”, alertou a Câmara Municipal da Covilhã, num comunicado divulgado no Facebook.

A frente de fogo do Fundão também se agravou durante a tarde e aproximou-se do perímetro urbano da localidade da Soalheira, obrigando a cortar o trânsito na auto-estrada 23 e na estrada nacional 18. “O fogo encontra-se no alto da serra da Gardunha, prevendo-se a descida da encosta em direcção à aldeia histórica de Castelo Novo”, esclareceu o município do Fundão, pouco depois das 18h.

O incêndio do Sabugal, distrito da Guarda, que ao início da tarde mantinha duas frentes de incêndio activas, em Santo Estêvão e no concelho de Penamacor (Castelo Branco), estará agora sob controlo, mas o autarca do Sabugal, Vítor Proença, mantinha-se cauteloso. “Os operacionais mantêm-se no terreno em trabalhos de vigilância e consolidação para evitar reacendimentos, como aconteceu na tarde de terça-feira”, afirmou, em declarações à Lusa.

Segundo as mais recentes estimativas divulgadas pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, este ano já arderam quase 234 mil hectares em Portugal.