Rob Halford e Ozzy Osbourne tinham uma relação mútua de respeito. O vocalista do Judas Priest nunca escondeu a admiração pelo Príncipe das Trevas e por seu trabalho no Black Sabbath, que o inspirou como cantor logo no início de sua trajetória musical, enquanto que o Madman considerava o Metal God um de seus cantores favoritos. 

Por isso, a morte de Ozzy no dia último dia 22 de julho deixou Rob em choque. Após receber um telefonema com a notícia, o vocalista disse em recente entrevista à rádio WRIF (transcrita pelo Blabbermouth) que chorou em posição fetal por horas no quarto de hotel em que estava.

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Ele afirmou:

“Eu recebi uma ligação no dia em que [a morte do Ozzy] aconteceu. Acho que eu estava em Leeds, na Inglaterra. Eu simplesmente larguei o telefone no quarto do hotel e me encolhi em posição fetal. Fiquei chorando por horas. Eu simplesmente não conseguia acreditar. Ainda não consigo acreditar até agora. Ainda estou de luto, como tantas outras pessoas.”

No dia seguinte, o Priest tinha um show marcado em Scarborough, na Inglaterra. Para a música “Gians in the Sky”, na qual a banda homenageia ícones da música que partiram, os músicos optaram por colocar uma foto de Ozzy nos telões como um tributo. Rob relembrou o fato e explicou por que seguiram com a apresentação em um momento tão difícil:  

“No dia seguinte tínhamos um show. Fizemos o show e chegamos à música ‘Giants In The Sky’, do álbum ‘Invincible Shield’, que fala sobre pessoas da música que amamos e que partiram. Nós homenageamos Lemmy, Ronnie [James Dio], Paul Di’Anno, Jill [Janus], Chris [Cornell], e tantos outros grandes nomes, como Janis Joplin e Freddie Mercury. E naquele show nós acrescentamos o Ozzy no final. E eu disse: é difícil tentar compreender, é muito difícil, mas o Ozzy diria: ‘Vamos festejar, fazer rock and roll, viver intensamente e aproveitar’. Isso estava no coração dele, na alma dele, no espírito dele. Sempre que fazíamos shows juntos, ele dizia para mim depois: ‘Você se divertiu? Você realmente se divertiu?’. O que ele transmitia de si para os fãs, para todos nós, era a generosidade, o carinho, todas as coisas incríveis que fez na música. Ele era a personificação da bondade nesse sentido. É maravilhoso estarmos falando sobre ele agora e precisamos continuar falando sobre ele para sempre, assim como sempre falo sobre o Ronnie, falo sobre o Lemmy. Todos eram meus amigos. E precisamos celebrar. Essa é a forma de ajudar a superar o luto. Você pensa nas lembranças, na alegria, nos bons momentos, e é isso que sempre faremos com o Ozzy.”

Lembranças favoritas de Ozzy Osbourne

Ao longo dos anos, a relação profissional entre os dois vocalistas de Birmingham também virou uma amizade. Ainda que não estivessem conversando com tanta frequência e que a excursão conjunta que iriam fazer em 2019 tenha sido cancelada, Rob Halford guarda muitas lembranças envolvendo o saudoso Príncipe das Trevas.

Entre as suas favoritas, estão as duas vezes em que cantou com o Sabbath em 1992 e 2004 e a releitura feita pelo Priest de “War Pigs” para homenagear a banda no último mês de julho. Ele destacou: 

“Nós trocávamos mensagens de vez em quando. Porque ele era mais um daqueles caras por quem eu sentia uma admiração enorme. Ainda sinto isso em relação ao Alice [Cooper]. [Risos] E eu tinha exatamente a mesma sensação sempre que estava na presença do Ozzy, porque ele tinha uma personalidade gigante. Já fazia um tempo que não estávamos em contato, mas eu guardo lembranças maravilhosas das duas vezes em que tive a oportunidade de cantar no Sabbath. E também dessa chance mais recente de tocar ‘War Pigs’ [com o Priest], músicas que usamos para abrir o nosso show antes de subirmos ao palco. É uma das maiores músicas de metal já compostas.”

Rob Halford como vocalista do Black Sabbath

Em 14 e 15 de novembro de 1992, Rob Halford assumiu o microfone nas apresentações da banda durante o que seriam os últimos shows da carreira de Ozzy Osbourne. Insultado com a ideia de abrir para seu rival, Ronnie James Dio abandonou o barco, deixando os colegas à deriva. Rob assumiu a bronca e fez sua parte com competência, apesar dos compreensíveis atropelos de uma situação tensa e que não pôde ter muitos ensaios.

Em entrevista à emissora Ozzy’s Boneyard, do sistema de rádio pago americano SiriusXM (com transcrição do Blabbermouth), o cantor recordou o momento.

“Há um registro em vídeo de um dos shows no YouTube com qualidade aceitável. É uma ótima lembrança. Ronnie declinou do convite por convicções pessoais. Que Deus o tenha. Então recebo um telefonema de Tony pedindo ajuda. Conversamos sobre o setlist, colocamos algumas músicas que não eram tocadas há muito tempo e que estão entre minhas favoritas. Achei que os fãs iriam adorar. Nos dias seguintes tocamos em dois shows esgotados em Costa Mesa. Foi incrível.”

A segunda situação acontece durante o Ozzfest 2004, quando o Priest abria para a formação original do Sabbath. No dia 26 de agosto, Ozzy foi acomedido por uma crise de bronquite na cidade norte-americana de Camden. Novamente, Halford foi recrutado para salvar o dia, cantando material apenas da fase inicial da banda.

“Ozzy não estava se sentindo muito bem da garganta. Recebi um telefonema de Sharon pedindo para eu cantar naquela noite mesmo e o fiz. Cantei o set do Priest, tomei um banho, me troquei, saí correndo e subi ao palco com o Sabbath. Isso é o que fazemos, cara. Nós nos amamos. Ainda temos essa linda amizade e relacionamento que perdurou dentro e fora da música. Nós começamos tudo.”

Por que o Judas Priest ficou fora da despedida do Black Sabbath?

Durante rentrevista à Metal Hammer, Rob Halford revelou que o Judas Priest recebeu um convite para fazer parte da despedida do Black Sabbath, mas precisou recusar por um conflito de agenda. 

Segundo o vocalista, quando Sharon Osbourne, esposa e empresária de Ozzy Osbourne, entrou em contato para falar a respeito, o Priest tinha acabado de fechar uma apresentação conjunta com o Scorpions, para celebrar os 60 anos de carreira dos colegas de profissão, em Hanôver, na Alemanha, também no dia 5 de julho. O cantor explicou: 

“Conhecemos um cara chamado Ossy Hoppe que é meio que um deus do metal na Alemanha. Ele veio conversar comigo em um dos nossos últimos shows e disse: ‘estou organizando um show dos Scorpions para comemorar os 60 anos da banda, na cidade natal deles, você toparia trabalhar com a banda?’. E eu só respondi: ‘fechado, não temos nenhum plano’. Foi tudo anunciado e virou um grande acontecimento e, de repente, recebo uma ligação [da Sharon] falando: ‘Robbie, sei que você tem esse show com os Scorpions, mas será que consideraria vir fazer algo com o Ozzy e os caras? Ele adoraria te ver’.”

A empresária até propôs uma solução e ofereceu dar um jeito de levar Halford para Birmingham na data. Contudo, o vocalista achou “arriscado” agendar duas apresentações em países diferentes para o mesmo dia, como ressaltou:

“Mesmo com um jato particular, existem problemas técnicos. Algo pode dar errado ou o clima pode atrapalhar [o voo]… Fiquei absolutamente arrasado.”

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