Pesquisas recentes têm mostrado que viver em ambientes urbanos modernos, marcados por poluição, sedentarismo, estresse e dietas processadas, pode acelerar a inflamação crônica, prejudicando o envelhecimento saudável e aumentando o risco de doenças crônicas.
Tradicionalmente, acreditava-se que o chamado “inflammaging”, uma inflamação de baixo grau ligada ao envelhecimento, era uma consequência inevitável do tempo. No entanto, um estudo da Universidade de Columbia, publicado na revista Nature Aging, indica que esse processo pode não ser universal, mas sim fortemente influenciado pelo estilo de vida industrializado.
Ao comparar marcadores de inflamação em populações da Itália e Cingapura com grupos da Bolívia e da Malásia, os pesquisadores descobriram que, nas áreas não industrializadas, os níveis inflamatórios não aumentam com a idade, diferentemente do que ocorre em cidades densamente urbanizadas. Nesses contextos rurais, a inflamação estava mais relacionada a infecções e não era impulsionada por causas típicas como poluentes ou obesidade.
Essa constatação ganha respaldo em estudos mais amplos, que identificaram uma correlação direta entre vida urbana e maior incidência de doenças como diabetes tipo 2, hipertensão e dislipidemia. Fatores como sedentarismo, obesidade, estresse psicológico e alterações alimentares foram apontados como mediadores dessa relação.
Além disso, o impacto cumulativo desses fatores urbanos no sistema imunológico é reforçado pelo conceito da chamada “exposoma”, ou seja, o conjunto de exposições ambientais que molda a inflamação ao longo da vida. Exposições a poluentes, alérgenos e produtos químicos podem fomentar o estresse oxidativo e perturbar vias metabólicas, elevando o risco de doenças associadas à inflamação crônica
Para conter esse processo, práticas de vida saudável têm se mostrado eficazes. A adoção de dietas ricas em antioxidantes, gorduras saudáveis e fibras aliada a exercícios regulares, sono adequado e gestão do estresse ajuda a reduzir os níveis de inflamação e retardar o envelhecimento celular.