‘A Google não apresentou apenas novos produtos — mostrou uma nova atitude. Com o Pixel 10, a empresa transforma tecnologia em cultura pop, posicionando a IA como protagonista e o smartphone como símbolo de estilo de vida. O evento desta quarta-feira, 20 de agosto, em Nova Iorque, Made by Google, para mostrar a nova linha de hardware, com celebridades e estética de talk show, marca uma viragem clara: deixar de ser vista como marca técnica e passar a ser percebida como marca emocional, criativa e próxima do quotidiano.
A mudança de tom é estratégica. À procura de crescer sobre um sólido quarto lugar nos EUA — com cerca de 3% de quota de mercado e 800 mil unidades vendidas no segundo trimestre de 2025, segundo a consultora de mercado especializada em tecnologia e eletrónica Canalys — a Google aposta numa abordagem emocional e lifestyle para conquistar novos públicos.
A nível mundial, o impacto ainda é tímido: menos de 2,5% de quota e 3,5 milhões de unidades vendidas no primeiro trimestre de 2024, de acordo com a empresa de consultoria IDC. Apesar dos números modestos, o crescimento é consistente – o que justifica uma atitude mais ousada e diferenciadora.
Quando a tecnologia se torna espetáculo
A Google rompeu com o formato tradicional de keynotes e transformou o evento Made By Google 2025 num episódio especial do The Tonight Show. Com Jimmy Fallon como anfitrião e convidados como os Jonas Brothers, o basquetebolista da NBA Steph Curry e o piloto de Fórmula 1 Lando Norris, o evento em Nova Iorque tornou-se um híbrido entre lançamento de produto e entretenimento televisivo.
O objetivo era claro: humanizar a tecnologia e tornar o Pixel 10 mais do que um smartphone — uma peça central de um estilo de vida criativo e assistido por IA.
A tecnológica abandonou os slides técnicos e apostou em conversas descontraídas com demonstrações ao vivo. O Gemini foi apresentado como “copiloto criativo”, com destaque para funcionalidades como tradução em tempo real, edição de imagem e geração de vídeo com Veo 3 Fast. A narrativa centrou-se em experiências, não especificações — com foco na utilidade prática da IA no dia a dia.
A empresa quis mostrar que a IA, especialmente o Gemini, não é apenas uma tecnologia avançada, mas uma ferramenta acessível e integrada no quotidiano — capaz de ajudar em tarefas reais, desde chamadas com tradução automática, até sugestões contextuais em apps como Gmail e Maps.
Curiosamente, as capacidades de geração de vídeo do Veo 3 — uma das mais avançadas do mercado — foram demonstradas de forma limitada: em palco, a tecnologia foi usada apenas para transformar uma foto de um cão num apresentador falante canino, um sketch breve e sem detalhes técnicos.