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Imagine corrigir a visão em menos de um minuto – sem lasers, lâminas ou dor. Uma equipa de investigadores desenvolveu uma técnica não invasiva que remodela a córnea utilizando apenas uma corrente elétrica suave e uma alteração temporária do pH.

O novo método pode remodelar a córnea através de um potencial elétrico ligeiro, conhecido como remodelação eletromecânica (EMR).

Foi descrito em pormenor esta semana por investigadores do Occidental College e da Universidade da Califórnia, em Irvine, durante a conferência da American Chemical Society.

Nos primeiros ensaios, esta nova técnica conseguiu reverter a miopia sem a necessidade de cirurgia tradicional.

Quando a luz entra no olho, a córnea é a primeira lente que atinge – e é aqui que ocorre a maior parte da curvatura da luz (refração), de modo a focar a luz na retina, na parte posterior do olho. No entanto, se a córnea tiver uma curvatura irregular, isso resulta em condições como a miopia e a hipermetropia.

Como refere a New Atlas, para aqueles que querem eliminar as lentes de correção, a principal opção é a cirurgia LASIK (Laser-Assisted In Situ Keratomileusis), que utiliza um laser para remodelar a córnea, removendo quantidades microscópicas de tecido sob uma fina aba, permitindo que a luz se concentre corretamente na retina.

Embora o LASIK tenha uma elevada taxa de sucesso para as pessoas aptas para o tratamento (cerca de 95% dos doentes deixam de usar óculos poucos dias depois de recuperarem da cirurgia) é dispendioso e invasivo, e o corte da córnea altera a integridade estrutural do olho.

Reverter miopia em menos de um minuto

Agora, os cientistas propõem trabalhar com a composição da córnea para remodelar a cúpula sem remover qualquer material da mesma.

Composta principalmente por colagénio, a córnea mantém a sua forma graças à disposição de moléculas e proteínas carregadas.

Os investigadores descobriram que, aplicando uma corrente elétrica de baixo nível através de um elétrodo de platina especialmente concebido para “lentes de contacto”, podiam alterar o pH do tecido, aumentando a acidez do tecido da córnea, o que o tornaria flexível o tempo suficiente para ser remodelado – como se encaixasse algo num molde. Neste caso, o molde é a lente de platina.

Depois, detalha a New Atlas, quando a corrente pára e o pH volta ao normal, a córnea endurece novamente e mantém a sua forma de molde.

Todo o processo demora cerca de um minuto, não requer cortes ou remoção de tecido e, até agora, não revelou danos estruturais ou morte celular nas amostras testadas. E os investigadores acreditam que a EMR poderá substituir a cirurgia LASIK.

Efeito “descoberto por acidente”

“Todo o efeito foi descoberto por acidente. Estava a olhar para os tecidos vivos como materiais moldáveis e descobri todo este processo de modificação química”, disse Brian Wong, professor e cirurgião da Universidade da Califórnia, em Irvine, citado pela New Atlas.

No estudo, os investigadores testaram depois o processo EMR em 12 globos oculares de coelhos, remodelando 10 deles para imitar o efeito corretor necessário para a miopia. Após uma curta exposição à corrente, cada córnea conformou-se com a forma incorporada na “lente” do elétrodo e as medições preliminares revelaram uma correção corneana bem sucedida – sem incisões, lasers ou traumas no olho.

É importante referir que a EMR ainda está na fase inicial de desenvolvimento e foi testada apenas em olhos isolados, não em modelos vivos.


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