Rússia acusa a Ucrânia de lançar ataque com drones e mísseis junto à fronteira da Bielorrússia. É o segundo caso em menos de uma semana

Está a começar a estalar a sério a relação entre a Ucrânia e dois países que são membros da União Europeia e da NATO.

Tudo por causa do oleoduto de Druzhba, que foi atacado pela segunda vez esta semana, mas desta vez com maior gravidade, o que levou Hungria e Eslováquia a terem uma reação mais musculada, incluindo com queixas à Comissão Europeia.

Dizem os dois países, cujos líderes são dos mais próximos que há pelo Ocidente, que o fornecimento de petróleo através daquele oleoduto foi seriamente comprometido, podendo mesmo ser suspenso até cinco dias.

Na leitura de Hungria e Eslováquia, este é um caso que coloca em causa a segurança energética dos dois países, que continuam a contar com combustível fóssil vindo da Rússia para manterem as suas operações diárias.

Como forma de pressão, a Rússia afirmou que foi a Ucrânia a conduzir, através de mísseis e drones, o ataque ao oleoduto de Druzhba, atingido na zona de Unecha, região russa de Bryansk, junto à fronteira com a Bielorrússia, onde existe uma estação crucial para o funcionamento e envio de petróleo.

A Ucrânia acabaria por confirmar esse mesmo ataque minutos mais tarde, mas ainda antes de uma queixa formal de Hungria e Eslováquia.

Os dois países pediram à Comissão Europeia que garanta a segurança dos abastecimentos, naquilo que é um claro recado contra a Ucrânia.

“A realidade física e geográfica é que, sem o oleoduto, o fornecimento seguro dos nossos países simplesmente não é possível”, escreveram os ministros dos Negócios Estrangeiros de ambos os países, Peter Szijjártó e Juraj Blanar.

Numa publicação à parte, o ministro húngaro afirmou que está em causa a “paz e os interesses nacionais” do país, numa reação que surge dois dias depois de uma troca de acusações com o homólogo ucraniano.

“A Ucrânia voltou a atacar um oleoduto que vai para a Hungria, cortando o abastecimento. Este último ataque à nossa segurança energética é revoltante e inaceitável”, escreveu o ministro na sua conta na segunda-feira, ainda antes da reunião que juntou Volodymyr Zelensky e os líderes europeus com Donald Trump.

Nessa mesma publicação informou que tinha falado diretamente com o Kremlin, tendo ligado ao vice-ministro da Energia da Rússia, Pavel Sorokin, que informou a Hungria que especialistas já estão no terreno para tentar resolver o problema.

“Por três anos e meio, Bruxelas e Kiev tentaram arrastar a Hungria para a guerra com a Ucrânia. Estes repetidos ataques ucranianos ao nosso fornecimento de energia servem esse mesmo propósito. Deixem-me ser claro: esta não é a nossa guerra. Não temos nada que ver com isso e, enquanto estivermos no comando, a Hungria vai ficar de fora”, acrescentou Peter Szijjártó.

“Finalmente, um aviso aos decisores ucranianos: a eletricidade da Hungria desempenha um papel vital no fornecimento do vosso país…”, terminou o ministro húngaro.

Na altura, a Ucrânia respondeu de forma irónica, através do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Andrii Sybiha, que sugeriu que a Hungria “agora pode enviar cumprimentos” à Rússia, numa clara provocação.

A publicação do ministro ucraniano na rede social X não negou ou confirmou quaisquer alegações de ataques.

“Foi a Rússia, não a Ucrânia, que começou esta guerra e recusa acabá-la. Há anos que foi dito à Hungria que Moscovo não é fiável. Apesar disso, a Hungria fez todos os esforços para manter a sua confiança na Rússia”, escreveu.