Em pouco mais de meia hora, Emanuel Batista viu o verde dos campos agrícolas que ladeiam a aldeia de Vilares da Vilariça, Alfândega da Fé, carbonizados. Olivais, amendoais, pomares, vinhas, área florestal e mato não resistiram à voracidade das chamas que ali chegaram pelas cinco da tarde de segunda-feira, vindas do incêndio que havia deflagrado, no domingo, na freguesia de Barcel, Mirandela, mas que alastrou ainda a Vila Flor e Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança, afetando aldeias como Benlhevai, Vale Frechoso, Santa Comba da Vilariça, Vilares da Vilariça, Vilarelhos, Caravela e Freixeda.
“A aldeia ficou rodeada de fogo. As chamas chegaram perto da minha casa. Éramos nove e tivemos de sair. Fomos levados pela GNR para a zona da igreja”, contou ao JN. Foram momentos de medo, mas para dezenas de agricultores do Vale da Vilariça, sobretudo das freguesias de Vilares e Vilarelhos, o fogo significou prejuízos de centenas de milhares de euros no olival, amendoal, vinha e frutícolas. “Tenho 30 hectares de área agrícola afetada, de olival, amendoal e 100 colmeias. É um prejuízo grande, pois além das culturas, são áreas agrícolas infraestruturadas, onde os sistemas de rega gota a gota arderam, tal como os equipamentos e os painéis solares”, conta José Almendra, agricultor que já investiu “centenas de milhares” na exploração. “Estamos à espera que saiam as medidas para ver se vale a pena concorrer. Em incêndios anteriores não foram interessantes”, considera, sublinhando que o potencial produtivo pode ser substituído, “mas uma oliveira demora oito anos a produzir”. “A colheita da amêndoa estava para breve, mas é para esquecer. Está tudo comprometido e a azeitona também”, lamentou o agricultor da Vilariça.
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