A produtora Brasil Paralelo acaba de lançar um documentário sobre um dos protagonistas do século 20: o papa João Paulo II. O Papa que Venceu o Comunismo, no ar desde 14 de agosto, celebra a figura de João Paulo II e a influência do pontífice no colapso dos regimes comunistas na Europa. Com quase duas horas de duração, a produção é dirigida por André Brandão.   

A Brasil Paralelo, uma das principais produtoras de audiovisual do país, foi até a Polônia para reunir imagens e entrevistas de figuras fundamentais na trajetória de João Paulo II. Entre eles, Stanisław Dziwisz (secretário particular de João Paulo II), Adam Bujak (fotógrafo oficial do Papa), George Weigel (biógrafo) e Marek Jedraszewski, acebispo de Cracóvia.  

“Nossos documentários têm se tornado cada vez mais ambiciosos, com investigações mais profundas e alcance internacional. E esse filme não foi exceção. A viagem à Polônia, onde estivemos em locais históricos, foi algo fenomenal”, comenta André Brandão, diretor do documentário, que concedeu entrevista exclusiva à Gazeta do Povo.  

A combinação dos depoimentos e de imagens exclusivas é um dos trunfos do documentário que, em diversos momentos, aposta também num tom de filme épico. O Papa que Venceu o Comunismo é a primeira experiência de Brandão, 39 anos, à frente da direção geral. Desde 2020, o paulistano atuava como diretor de fotografia da produtora.  

João Paulo IIJoão Paulo II ficou marcado pelo chamado à liberdade e à coragem (Foto: Divulgação/Vatican News)

“A função de diretor geral aprofunda muito mais o olhar sobre a obra. Consegui me dedicar às entrevistas, ao conteúdo, ao direcionamento da história e ao planejamento. E foi a primeira vez que senti algo que muitos relatam ao fazer documentários: quando você termina o filme é quando se sente realmente pronto para começar”, avalia Brandão.  

Produzido por Bianca Bortolami, e com roteiro assinado por Fabio Danesi Rossi, Juan Montaño e Henrique B. Omegna, O Papa que Venceu o Comunismo faz um recorte histórico para exaltar o papel do papa polonês. Karol Józef Wojtyła, nome de batismo de João Paulo II, foi um dos maiores e mais carismáticos líderes do mundo moderno. Ele morreu em 2005, aos 84 anos. 

“Nossa abordagem é especial porque focamos em um período pouco conhecido no Brasil sobre João Paulo II. Além dele, mostramos personagens importantes da história da Polônia no século XX que tiveram papéis decisivos ao defenderem a liberdade de forma única, o que foi fundamental para o início da queda do regime soviético”, comenta o diretor.  

A produtora tem consolidado, nos últimos anos, com um trabalho voltado para documentários e conteúdos jornalísticos que exploram a história sob ângulos não convencionais. Ao tratar de temas como fascismo, anticomunismo e figuras históricas polêmicas, a Brasil Paralelo busca resgatar episódios pouco abordados. 

“O filme termina em 1989. E é preciso lembrar que o comunismo não é apenas um sistema econômico autoritário, mas uma filosofia oposta ao que prega a Igreja. Nós tínhamos vontade de dar mais ênfase aos escritos de João Paulo II, que ajudam a compreender e enfrentar novas versões dessas ideologias, os insights dele são muito atuais”, diz Brandão.  

Discurso catalisador 

João Paulo II emergiu em um período marcado pela Guerra Fria e as ameaças nucleares entre as duas maiores potências do planeta, os Estados Unidos e a então União Soviética. O polonês foi eleito pelo Conclave em 1978, poucos dias após a morte de João Paulo I, e tornou-se o primeiro papa nascido fora da Itália em mais de quatro séculos.  

Desde seu pontificado inicial, João Paulo II ficou marcado pelo chamado à liberdade e à coragem. Como ocorreu no emblemático discurso em Varsóvia, capital de sua terra natal, em 2 de junho de 1979, momento que é chave da história abordada no documentário, quando o Papa proferiu: “Não tenhais medo. Abri as portas a Cristo”. 

O discurso diante de meio milhão de pessoas é considerado um dos catalisadores do fim pacífico do regime comunista na Polônia, ao inspirar o movimento Solidariedade, liderado por Lech Walesa. Impacto que reverberou em toda a Europa Oriental, com o líder soviético Mikhail Gorbachev chegando a declarar que “o colapso da Cortina de Ferro teria sido impossível sem João Paulo II”. 

João Paulo II deixou um legado profundo. Além de seu papel histórico no desmantelamento do comunismo, Karol Józef Wojtyła destacou-se no diálogo inter-religioso. Ele foi o primeiro papa a visitar um campo nazista (Auschwitz) e a estabelecer relações diplomáticas com Israel.  

Com um pontificado de 26 anos, João Paulo II foi um dos mais longos e viajados da história. O Papa esteve quatro vezes no Brasil, três em visitas oficiais (em 1980, 1991 e 1997) e uma quando fez escala no país, em 1982, e apesar da breve passagem, fez um discurso no aeroporto do Galeão.

  • O Papa que Venceu o Comunismo
  • 2025
  • 112 minutos
  • Indicado para maiores de 12 anos
  • Brasil Paralelo

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