Não só de carros elétricos se faz o negócio da Tesla, com o fornecimento de eletricidade a ocupar, também, espaço. Neste campo, embora a empresa queira operar ao Reino Unido, os britânicos estão a exigir que a autoridade reguladora recuse a empresa chefiada por Elon Musk.
No mês passado, a Tesla solicitou uma licença para fornecer eletricidade a residências do Reino Unido, num pedido enviado ao regulador governamental dos mercados de eletricidade e gás natural do país, o Ofgem.
Embora o pedido da Tesla não especifique detalhes sobre os planos, especula-se que o objetivo por detrás do pedido seja estabelecer uma Virtual Power Plant (VPP) no Reino Unido.
Este tipo de sistema, que a empresa já opera no Texas e na Califórnia, permite que milhares de baterias enviem energia simultaneamente para a rede quando esta precisa, ajudando a acabar com as falhas de energia.
Além de ajudar na estabilidade geral da rede, pode render uma quantia significativa de dinheiro para os proprietários de Powerwalls que participam.
Embora uma única bateria não faça muita diferença, milhares de baterias podem ajudar a reduzir picos e transferir cargas em toda a rede, ajudando a transição para formas renováveis de geração de energia, como eólica e solar, que podem ser intermitentes devido ao clima.
No Reino Unido, que fechou a sua última central a carvão no ano passado, o crescimento da eletricidade limpa tem sido notável, com mais da metade da eletricidade a ser proveniente de fontes renováveis, em 2024.
Embora a chegada da Tesla ao Reino Unido pareça pertinente, até por representar mais concorrência, numa altura de aumento tendencial de preços da energia, o regulador do país tem recebido críticas à empresa, bem como pedidos para rejeitar a sua solicitação de licença.
Britânicos estão contra a Tesla de Elon Musk no país
Desde o pedido de licença pela Tesla, o Ofgem terá recebido milhares de mensagens contra a empresa, fruto de uma iniciativa que defende que Elon Musk não deveria ter permissão para integrar a rede de fornecimento de eletricidade do Reino Unido.
Lançada pelo grupo Best for Britain – “os investigadores, cientistas de dados, estrategistas e ativistas que estão a resolver os problemas que a Grã-Bretanha enfrenta após o Brexit” -, a iniciativa permite aos britânicos enviar uma mensagem à Ofgem a manifestar a sua oposição ao plano da Tesla.
📩 Tradução livre da mensagem do grupo Best for Britain
Como sabem, Elon Musk apresentou um pedido de licença para fornecer energia a residências e empresas no Reino Unido.
O pedido, assinado por Andrew Payne (diretor de energia da Tesla na EMEA), daria ao homem mais rico do mundo uma posição no nosso mercado de energia.
Um mercado energético já caracterizado por preços exorbitantes e um sentimento de desconfiança entre os consumidores, de acordo com investigações recentes (ver aqui).
Como entidade reguladora do mercado energético, têm a responsabilidade legal de proteger os consumidores.
A compra do Twitter (agora X) por Elon Musk permitiu a rápida disseminação de desinformação, ódio e teorias da conspiração no Reino Unido e em todo o mundo.
As suas ações como chefe do Departamento de Eficiência Governamental dos Estados Unidos durante a administração Trump ilustram uma incompetência perigosa ou negligência deliberada. Ambas as qualidades são inaceitáveis e desqualificantes para a entrada nos nossos mercados energéticos.
As pessoas continuam a lutar com as suas contas, enquanto Musk continua a usar o seu poder e riqueza para promover a sua própria agenda. Uma pessoa assim não deve ser permitida em nenhum lugar próximo do nosso fornecimento de energia.
Peço que rejeite a candidatura da Tesla e proteja o nosso país da influência de um indivíduo tão volátil.
Na mensagem, o grupo argumenta que o diretor-executivo da Tesla provou, através da recente atividade política, que não está interessado no bem-estar geral da população, mas em “enriquecer-se” e “impulsionar a sua própria agenda”.
Além disso, acusa-o de “incompetência perigosa ou negligência deliberada”, afirmando que estas devem ser “qualidades incompatíveis com a entrada nos nossos mercados energéticos”.
Curiosamente, a mensagem não levanta questões sobre os negócios da Tesla, apontando, por sua vez, vários problemas às ações do diretor-executivo da empresa, nomeadamente a “rápida disseminação de desinformação, ódio e teorias da conspiração no Reino Unido e em todo o mundo”, através do antigo Twitter, desde a sua aquisição pelo empresário.
No dia 19 deste mês, o grupo Best for Britain publicou um artigo no qual informou que mais de oito mil pessoas já haviam contactado o Ofgem para manifestar a sua oposição ao plano da Tesla para o Reino Unido.
Leia também: