Acabaram-se as incertezas e especulações sobre o futuro académico da Infanta Sofia, a filha mais nova da família real espanhola que acabou recentemente o secundário num programa educacional internacional destinado a estudantes entre 16 e 19 anos, com foco em desenvolver habilidades académicas e pessoais para o futuro, incluindo a admissão em universidades de todo o mundo, no UWC Atlantic College, no País de Gales. Ao contrário da irmã, não vai receber instrução militar. Enquanto a Princesa Leonor acaba de completar o seu percurso na Marinha e continuará o seu treino militar na Força Aérea, a sua irmã mais nova já está pronta para entrar na universidade e começar uma nova etapa. A jovem de 18 anos continuará a sua formação em Ciência Política e Relações Internacionais no Forward College, afiliado à Universidade de Londres. Apesar de pertencer a uma instituição britânica, o diploma é válido na União Europeia. Nos próximos três anos, a irmã da princesa Leonor passará uma temporada em Lisboa, Paris e Berlim. No entanto, a primeira fase será realizada em Portugal, mais concretamente nos dois centros da instituição no Chiado e Bairro Alto.
Uma universidade para poucos
Segundo o El País, a instituição, fundada em 2021 por Boris Walbaum, Céline Boisson e Jeffrey Sampson, «captura o espírito internacional que a Infanta vivenciou nos últimos dois anos no Atlantic College, no País de Gales», onde se formou no dia 24 de maio e onde provavelmente surgiu a ideia de continuar os seus estudos universitários fora do país. Localizado num belo edifício histórico na Rua das Flores, no Chiado, «uma área central e animada de Lisboa», a apenas cinco minutos da famosa Praça do Comércio, «o edifício oferece a combinação perfeita de características modernas e arquitetura tradicional portuguesa», lê-se no site oficial da universidade. «Os estudantes também frequentam algumas das suas aulas académicas no Soriano Learning Centre, localizado no Interpress – Bairro Alto Creative Hub, apenas a 8 minutos a pé do Flores Learning Centre», continua.
De acordo com o jornal espanhol, com uma taxa de matrícula de pelo menos 18.500 euros (fora os custos da habitação e das necessidades básicas), Sofia iniciará o curso em setembro, em inglês, embora existam disciplinas opcionais em português, francês e alemão. A infanta dividirá o campus com jovens de até 40 nacionalidades, mas as turmas são pequenas. «O Forward College foi criado para estudantes brilhantes que desejam ir além da excelência académica. Os nossos alunos combinam programas de licenciatura de prestígio com uma experiência internacional única, aulas em turmas pequenas, dadas por um corpo docente de classe mundial, e desenvolvimento de liderança», explica a página da instituição. A primeira turma, em setembro de 2021, era composta por 28 estudantes vindos de 12 países europeus, escolhidos entre as 450 candidaturas que a escola diz ter recebido.
Ainda sobre os preços, o site oficial da universidade adianta que os estudantes podem ter alguns dos custos no seu primeiro ano de estudos no campus de Lisboa da Forward. A casa dos estudantes por semana, por exemplo, vai dos 175 euros aos 220; por mês dos 700 aos 880; por ano de 1900 aos 11,440 euros. Um seguro de saúde privado custa 6,25 por semana; 25 por mês e 325 por ano. O passe de transportes públicos, 7,50; 30 e 390 respetivamente. Já as atividades de lazer e despesas diárias 25 a 37 euros por semana; 100 a 150 por mês e 1300 a 1950 euros por ano. A universidade tem uma residência em Benfica, mas a Casa Real diz que ainda não decidiu onde a infanta ficará instalada porque precisa encontrar um «equilíbrio entre a segurança e a integração da infanta na vida universitária».
Segundo o fundador e presidente da instituição, Walbaum, a Forward College surgiu pela existência de três lacunas no sistema educativo, relacionadas com a relevância, a eficácia e a aspiração. «A rápida aceleração das mudanças no mercado de trabalho gerou a necessidade de novas competências – em particular competências digitais e interpessoais – que não são ensinadas de forma sistemática pela maioria das Instituições de Ensino Superior (IES)», defende. Além disso, de acordo com o mesmo, nos últimos anos, «tornou-se evidente que a sala de aula tradicional está desfasada das necessidades dos estudantes e da sua forma de aprender». Por isso, «é mais do que tempo de alinhar os métodos de ensino com os avanços recentes das ciências pedagógicas e psicológicas». Por fim, «os estudantes já não procuram simplesmente atingir a excelência pelo valor da excelência em si, mas sim encontrar um sentido mais profundo para o seu percurso». «Procuram definir, por si próprios, os parâmetros do sucesso, desejam fazer uma diferença duradoura, envolver-se em projetos reais e explorar ativamente o seu sentido de responsabilidade e capacidade de agir», acredita Walbaum.
Recorde-se que a Infanta Sofia escolheu o seu próprio caminho, mas Felipe e Letizia impuseram duas condições: que esta escolhesse destinos não muito distantes (as três cidades europeias ficam a menos de três horas de avião de Madrid) e que os seus estudos fossem úteis à Coroa já que, segundo o rei, esta estará ao serviço da família também a partir de setembro, embora a imprensa espanhola garanta que esta se manterá discreta.
A Infanta já acompanhou e participou em muitos dos eventos institucionais que serviram de treino para a Princesa Herdeira, desde os Prémios Princesa das Astúrias até à representação da Espanha nos Jogos Olímpicos de Paris. «Desde que nascemos, aprendemos o valor desta instituição, a Coroa, a sua utilidade para a nossa sociedade e o seu propósito de servir a todos», disseram Leonor e Sofia de Borbón num discurso surpresa que dedicaram aos seus pais durante a cerimónia de celebração dos 10 anos de reinado de Felipe VI, a 19 de junho de 2024.