Erik Menendez, que, juntamente com o seu irmão Lyle, cumpriu 35 anos de prisão perpétua por ter morto os pais a tiro enquanto estes viam televisão na sua casa de Beverly Hills, Califórnia, em 1989, viu ser-lhe negada a liberdade condicional nesta quinta-feira.
A decisão dos comissários de liberdade condicional da Califórnia foi anunciada após uma audiência de dez horas, durante a qual Erik Menendez, que compareceu por vídeo a partir de uma prisão de San Diego, argumentou que tinha sido reabilitado e que a sua libertação ajudaria a curar a sua família. Vários familiares defenderam a sua libertação.
No entanto, os membros do Conselho de Audiências para a Liberdade Condicional da Califórnia consideraram que Erik Menendez continuava a representar “um risco irrazoável para a segurança pública”, disse o Comissário para a Liberdade Condicional, Robert Barton, de acordo com um relatório dos media.
A gravidade do crime “não foi a principal razão para esta recusa”, disse Barton. “Continua a ser o seu comportamento na prisão.” O responsável apontou violações das regras da prisão, incluindo contrabando de droga, uso de telemóvel e episódios de violência em 1997 e 2011.
“Contrariamente às crenças dos seus apoiantes, não tem sido um prisioneiro exemplar e, francamente, achamos isso um pouco perturbador”, afirmou.
A comissão irá considerar a possibilidade de recomendar a liberdade condicional para Lyle Menendez nesta sexta-feira. Dentro de três anos, Erik Menendez pode voltar a candidatar-se à liberdade condicional.
Os irmãos disseram que mataram os pais, Jose e Kitty Menendez, porque temiam pelas suas vidas após anos de abuso sexual por parte do pai e de abuso emocional por parte da mãe. Então, Erik Menendez tinha 18 anos e Lyle Menendez tinha 21.
“O meu pai era o ser humano mais aterrador que alguma vez conheci”, disse Erik Menendez na quinta-feira, quando lhe perguntaram por que razão não saiu de casa em vez de cometer um assassínio.
“Quando olho para trás, para a pessoa que eu era na altura e para aquilo em que acreditava sobre o mundo e os meus pais, fugir era inconcebível”, justificou.
Os procuradores argumentaram que os assassínios foram friamente calculados e motivados pela ganância, nomeadamente o desejo dos irmãos de herdar a fortuna multimilionária dos pais.
Os irmãos estão detidos desde Março de 1990 e foram inicialmente condenados em 1996 a duas penas de prisão perpétua consecutivas sem possibilidade de liberdade condicional.
Em Maio, um juiz aplicou a cada um deles uma nova pena de 50 anos a perpétua. De acordo com a lei da Califórnia, a dupla tornou-se imediatamente elegível para liberdade condicional, uma vez que tinham menos de 26 anos na altura dos crimes e já tinham cumprido mais de metade da pena.
Os familiares apoiaram a libertação dos irmãos, afirmando que a dupla pagou a sua dívida para com a sociedade. Erik Menendez tem actualmente 54 anos e Lyle Menendez tem 57. Ambos são casados.
Teresita Menendez-Baralt, irmã de Jose Menendez, chorou ao dizer à comissão de liberdade condicional que tinha “perdoado totalmente” o sobrinho, a quem chamou uma “alma doce e gentil”. A mulher contou estar a morrer de cancro na fase 4 e que espera viver o tempo suficiente para receber Erik em sua casa. “Sentar-me à mesma mesa, abraçá-lo — isso trar-me-ia uma paz e uma alegria incomensuráveis”, apelou.