Belo Horizonte vai abrigar um projeto-piloto do Google com o objetivo de acelerar o combate à proliferação de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti a partir do
método Wolbachia. Com a forma convencional, o método já é utilizado em diversas cidades do país,
incluindo a capital mineira.

O método consiste em liberar no ambiente mosquitos inoculados com a Wolbachia, bactéria que reduz a transmissão de doenças.

A ideia é que a população local de Aedes aegypti gere descendentes também portadores da bactéria e, portanto, com menores chances de transmitir dengue, chikungunya ou zika para humanos.

A primeira cidade que adotou o uso do método foi Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Belo Horizonte já usa o Wolbachia desde 2020 e será a primeira cidade a receber o projeto automatizado do Google.

O projeto da gigante da tecnologia envolve a utilização de vans adaptadas com tecnologias criadas para liberação de mosquitos e o monitoramento das ações via sistema de GPS. O objetivo é permitir a cobertura de áreas mais extensas em um menor espaço de tempo.

O projeto tem financiamento do Ministério da Saúde e será realizado em parceria com o World Mosquito Program (WMP) Brasil e a Wolbito do Brasil. As duas entidades são responsáveis pela coordenação do método Wolbachia no Brasil. A iniciativa será conduzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

A expectativa, segundo a Fiocruz, é que para cada R$ 1 investido, a economia do governo em medicamentos, internações e tratamentos seja de R$ 43,45 a R$ 549,13.

Método Wolbachia

O método Wolbachia, presente em 14 países, é patenteado pelo World Mosquito Program Global. No Brasil há mais de dez anos, a tecnologia consiste em liberar no ambiente mosquitos inoculados com a bactéria Wolbachia.

Ao reproduzirem com a população local de Aedes aegypti, o mosquito com a bactéria gera descendentes que também são portadores da Wolbachia.

Como consequência, eles possuem menos chances de transmitir dengue, chikungunya ou zika para humanos.

Presente em mais da metade dos insetos do mundo, as wolbachias são alvo de estudos desenvolvidos desde o início de 2010 com o objetivo de conseguir reproduzir com segurança Aedes aegypti infectados com espécies de wolbachias que não ocorreriam naturalmente no mosquito.

No Aedes, as bactérias conseguem impedir a multiplicação de diferentes arbovírus transmissíveis aos humanos. Ao mesmo tempo, a Wolbachia é capaz de favorecer que os mosquitos com a bactéria tenham uma vantagem reprodutiva sobre populações não infectadas.

Com Felipe Andrade, da CNN Brasil