Poucos episódios da história dos Beatles revelam tanto sobre os bastidores da banda quanto os relatos de Paul McCartney sobre sua relação com John Lennon e Yoko Ono. No livro “As Letras”, lançado em 2021, McCartney surpreendeu ao contar que conheceu Yoko antes mesmo de John.
Beatles – Mais NovidadesFoto: Reprodução – Apple
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Segundo ele, a artista plástica japonesa foi até sua casa em Londres, em meados dos anos 1960, pedindo partituras para um projeto em homenagem ao compositor experimental John Cage. “Respondi: ‘Na verdade, não temos partituras. Temos palavras para ler com a letra’”, relembrou Paul. Pouco tempo depois, Yoko faria uma exposição na Indica Gallery, local em que conheceria Lennon em 1966.
O baixista também comentou sobre o impacto da presença de Yoko nos estúdios dos Beatles. A partir das gravações do “Álbum Branco”, em 1968, a artista passou a acompanhar John durante as sessões. “No início, todos nós – exceto John – achamos aquilo bastante intrusivo, mas acabamos concordando e trabalhamos com ela ao nosso redor”, disse. Com o tempo, McCartney aceitou a situação: “Se John a ama, só nos resta apoiar esse relacionamento”.
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Paul McCartney e Yoko Ono
Em outra passagem, Paul lembrou que as tensões da separação da banda acabaram gerando ressentimentos, mas que, depois, a amizade com Lennon foi retomada, em especial quando ambos se tornaram pais. “Em 1975, ele e Yoko tiveram Sean, então tínhamos ainda mais coisas em comum. Estava tudo bem, até que ele foi morto”, afirmou, ressaltando que sua solidariedade maior foi direcionada a Yoko: “Perdi meu amigo, mas ela perdeu o marido, o pai do filho dela”.
A lembrança surge associada à música “Golden Slumbers”, lançada no álbum “Abbey Road”, em 1969. Embora Paul afirme que a canção tenha sido primordialmente uma ode a Linda McCartney, sua esposa, ela também guarda ecos da influência de John e Yoko. Ele menciona que expressões ligadas à natureza, tão presentes na obra de Yoko, o inspiraram na construção de imagens poéticas usadas na letra.
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De acordo com o site Beatles Bible, Golden Slumbers foi gravada nos dias 2, 3, 4, 30 e 31 de julho e 15 de agosto de 1969, no estúdio Abbey Road, sob produção de George Martin. A faixa, interpretada por McCartney ao piano e vocal, contou ainda com George Harrison no baixo, Ringo Starr na bateria e uma orquestra conduzida por Martin. Trata-se da abertura da sequência final do medley do lado B, emendada com “Carry That Weight”.
A inspiração veio de forma curiosa. Paul relatou no documentário Anthology que encontrou a partitura de um poema do dramaturgo elisabetano Thomas Dekker na casa do pai, em Liverpool. “Não sei ler música e não lembrava a melodia original, então criei a minha própria. Gostei das palavras, então as mantive”, explicou. John Lennon também comentou sobre a origem, afirmando que Paul basicamente adaptou o poema. Curiosamente, a canção foi escrita e gravada enquanto Lennon se recuperava de um acidente de carro na Escócia, o que explica sua ausência inicial no estúdio.
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O resultado foi uma das interpretações vocais mais emocionantes de McCartney. “Lembrei de trabalhar na força da voz, porque era um tema muito delicado”, recordou o músico em entrevista a Barry Miles para o livro Many Years From Now. O esforço rendeu uma performance intensa, capaz de transformar uma antiga canção de ninar em um dos pontos altos do Abbey Road.
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