Neste sábado, Amar Dedic acordou e desenhou um plano individual para o Benfica-Tondela. Os “encarnados” deixaram o lateral fazer o que tinha a fazer, seguiram as indicações do jogador contratado neste Verão e venceram a partida por 3-0, na jornada 3 da I Liga.

O lateral bósnio tomou conta do jogo durante 45 minutos, tratou – quase sozinho – do pelouro dos desequilíbrios ofensivos e a equipa seguiu as ideias que ele tinha.

O triunfo foi tranquilo numa noite que Bruno Lage possivelmente entenderá como perfeita: jogadores novos com minutos num jogo de campeonato, descanso a jogadores importantes, um avançado (Ivanovic) a ganhar confiança na finalização, baliza novamente a zeros, resultado feito cedo e segunda parte de gestão física a pensar na Champions. Dificilmente poderia ser melhor.

Dedic, Dedic e mais Dedic

Depois de cinco jogos de poucas mudanças no “onze”, Bruno Lage decidiu que o Tondela seria um bom adversário para experimentar coisas diferentes – mexeu em todos os sectores, mesmo mantendo o 4x4x2 que tem sido mais utilizado.


Do lado oposto, Ivo Vieira montou um desenho semelhante e mobilizava sempre os dois atacantes para reduzirem o tempo e o espaço de Araújo e Otamendi em construção.

Essa linha de quatro bastante audaz bloqueou os centrais “encarnados”, mas depois permitia a Enzo e Ríos terem algum espaço entre os avançados e os médios do Tondela – esse detalhe deu perigo aos 11’, com Ríos atrás dos avançados do Tondela a arrastar o médio adversário e Ivanovic a aproveitar isso para também ter espaço entre linhas. O lance acabou com Pavlidis solicitado pela combinação entre Aursnes e Dedic.

E esta crónica não pode seguir sem se falar precisamente de Dedic. O lateral do Benfica foi o dono do jogo nesta primeira parte – categorização que não é comum atribuir-se a um lateral.

Os raides individuais de Dedic, quase sempre da direita para dentro, deram no seguinte: perigo aos 2’, com Ivanovic na diagonal do meio para a direita, perigo aos 11’, com Pavlidis a rematar, perigo aos 12’, com cabeceamento de Pavlidis, perigo aos 28’, com mais um lance inventado pelo lateral, perigo aos 38’, com finalização torta de Pavlidis e golo aos 31’, com novo remate de Ivanovic numa diagonal meio/direita após jogada individual de Dedic.

O impacto de Dedic era tremendo, com lances uns atrás dos outros, sempre desbloqueando através do drible – e criou mesmo o 1-0 dessa forma.

Apesar da boa entrada em jogo, o Tondela cedo deixou de conseguir atacar o espaço – quando o fez, apostou sempre na zona entre Otamendi e Obrador, colocando o central em apuros. Mas isso acabou cedo.

Gestão após o descanso

O Benfica fazia um jogo curioso. Por um lado, não era uma equipa tremenda em ataque posicional – se pensarmos no jogo ofensivo colectivo. Por outro, conseguia criar lances uns atrás dos outros – se pensarmos no jogo como um palco de engodos, Dedic criava-os pelo drible sem qualquer dificuldade, desbloqueando as jogadas para a equipa.

Aos 42’, o Benfica chegou ao 2-0 num lance novamente criado na direita. Também começou em Dedic, mas foi Schjelderup quem mais contribuiu, com recepção, tabela e passe entre linhas – combinou com Pavlidis e encontrou Aursnes, que aproveitou o mau controlo do espaço por parte de Maviram.

O Tondela tinha um jogo de pares bastante bem definido – muitas referências individuais – e isso deixava a equipa exposta aos dribladores como Dedic, que fazia ruir o adversário como um castelo de cartas – os jogadores tinham de ir compensar-se uns aos outros após o primeiro drible do lateral, algo patente nos dois golos.

O Tondela também foi sofrendo com a intensidade “encarnada”, que ganhava quase todos os duelos – pelo ar ou pelo chão.

Por muito que a Luz quisesse espectáculo, o Benfica lembrou-se de que na quarta-feira há o jogo mais importante da temporada até agora – vai definir a entrada na Champions. Não havia, portanto, como convencer a equipa a ir à procura de mais.

Na primeira parte houve 1,92 golos esperados e na segunda não chegou sequer a 1. Está tudo dito sobre o que se passou após o intervalo, apesar do 3-0 de Prestianni já aos 90+4′.