Um novo estudo que revisou 20 ensaios clínicos randomizados apontou que a cúrcuma (ou a curcumina, seu componente ativo) podem ter efeitos benéficos em alguns indicadores de obesidade e, com isso, contribuir para o controle de peso de pessoas com pré-diabetes ou diabetes tipo 2.
O número de pessoas com diabetes tipo 2 — condição em que o organismo não consegue regular a glicose no sangue — está avançando rapidamente. Em 2017, cerca de 462 milhões de pessoas, ou 6,28% da população mundial, viviam com a doença.
A cúrcuma é usada tradicionalmente como tempero e também costuma ser consumida na forma de suplementos. A ciência sugere que a curcumina tem efeitos antioxidantes, antimicrobianos e anti-inflamatórios se usada de forma segura, embora possa causar efeitos colaterais em doses mais altas na forma de comprimidos.
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A nova revisão analisou os efeitos da suplementação da curcumina nas medidas corporais, incluindo peso, índice de massa corporal (IMC), percentual de gordura, circunferência da cintura, relação cintura-quadril e circunferência do quadril
Foram incluídos 20 ensaios clínicos randomizados que comparavam a suplementação com placebo em adultos com pré-diabetes ou diabetes tipo 2. As doses variaram de 80 mg a 2.100 mg por dia, administradas por oito a 36 semanas.
Publicada na revista Nutrition & Diabetes, o estudo mostrou que a suplementação em pessoas com diabetes tipo 2 levou a melhorias no peso corporal, circunferência da cintura, percentual de gordura e quadril, mas não no IMC nem na relação cintura-quadril.
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Para quem tinha pré-diabetes, os suplementos reduziram significativamente o peso e a circunferência da cintura, mas novamente sem impacto sobre o IMC.
Os pesquisadores também encontraram associações significativas entre a dose e a redução da circunferência da cintura, e entre a duração da suplementação e a redução do peso corporal.
Leila Azadbakht, professora de Ciências da Nutrição, e Mohammadreza Moradi Baniasadi, mestre em Nutrição Comunitária, ambos da Universidade de Ciências Médicas de Teerã, no Irã, comentaram os resultados:
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“O achado mais útil é a relação dose-resposta: suplementação por mais de 22 semanas reduziu significativamente o peso corporal — diferença média de 2,5 kg — e doses acima de 1.500 mg/dia diminuíram a circunferência da cintura em 1,8 cm em pacientes com diabetes tipo 2”.
Segundo elas, o estudo fornece parâmetros para serem usados como complementos clínicos em intervenções de estilo de vida para controle do peso em pacientes com diabetes.
Os pesquisadores observaram que eventos adversos como dor de estômago, coceira, vertigem, constipação, ondas de calor e náusea foram relatados em apenas três dos 20 estudos.
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Vários estudos já sugeriram que a cúrcuma pode auxiliar na perda de peso, mas ainda há pouca clareza sobre como esses efeitos acontecem.
“Embora o mecanismo exato permaneça um tanto enigmático, acreditamos que a ativação da AMPK (enzima presente em todas as células do corpo que atua como um sensor de energia, regulando o metabolismo) e as propriedades anti-inflamatórias sejam os modos principais de ação, pois estão diretamente ligadas à melhora da sensibilidade à insulina, à redução da inflamação crônica, comum em diabetes tipo 2 e pré-diabetes, e ao aumento do metabolismo da gordura”, explicaram Azadbakht e Baniasadi.
Em entrevista ao Medical News Today, o médico e professor assistente no RUSH Institute for Healthy Aging Thomas M. Holland saudou os resultados como relevantes.
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“A metanálise mostrou que a suplementação com cúrcuma/curcumina levou a pequenas, mas significativas reduções no peso corporal, na circunferência da cintura, na porcentagem de gordura e na circunferência do quadril em pessoas com diabetes tipo 2 e pré-diabetes. Do ponto de vista científico, essas mudanças — cerca de 2 kg a menos no peso e aproximadamente 2 a 3 cm na cintura — podem parecer pequenas, mas em saúde populacional até melhorias discretas na obesidade central reduzem o risco metabólico e cardiovascular”.
Apesar do potencial, os especialistas ressaltam que a cúrcuma não deve ser vista como um atalho para perder peso. Um dos pontos destacados foi que os estudos foram feitos no mesmo país, o Irã, o que limita a diversidade dos participantes. A maioria dos voluntários também fazia parte de um mesmo grupo, o de mulheres mais velhas.
Cientistas agora sugerem que estudos de longa duração e envolvendo voluntários de diferentes perfis étnicos e populacionais sejam realizados para aprofundar os resultados.