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Um simples café pode transformar-se numa surpresa amarga para quem escolhe Veneza como destino de férias. O histórico Caffè Florian, situado na Praça de São Marcos e considerado o café mais antigo de Itália, cobra 19 euros por um cappuccino, tornando-se um dos exemplos mais mediáticos da chamada “armadilha turística”. O jornal alemão Die Welt analisou os custos e concluiu que uma pausa para café pode tornar-se um verdadeiro teste à carteira dos visitantes.

Fundado há mais de 300 anos, o Caffè Florian combina a tradição com o ambiente único da praça veneziana. Para muitos turistas, sentar-se na esplanada deste café é uma experiência quase obrigatória, apesar dos preços elevados. Além do cappuccino a 19 euros, uma simples tarte de maçã pode custar 18 euros. O valor inclui ainda uma “taxa de música”, uma vez que o espaço oferece regularmente música ao vivo. Apesar das críticas, o café está frequentemente lotado, sinal de que continua a ser visto como um local “imperdível”.

De acordo com dados citados pelo Die Welt, os preços do cappuccino em restaurantes aumentaram em média 18% só este ano, segundo a base de dados Numbeo. No entanto, em termos de média nacional, Itália continua a ser um dos países mais acessíveis no Mediterrâneo para beber esta bebida: 1,69 euros por chávena, contra 3,45 euros na Grécia, 3,21 euros em França, 2,18 euros na Croácia e apenas 1,44 euros na Bósnia.

O jornal alemão sublinha ainda a particularidade cultural italiana: o cappuccino é tradicionalmente consumido ao pequeno-almoço e raramente pedido depois das 11h00 ou 12h00. Quem o pede à tarde denuncia, de imediato, ser turista. É precisamente esse perfil de visitante que acaba por suportar os preços mais altos em locais icónicos como Veneza.

As autoridades locais também têm regras rígidas para preservar o espaço urbano. Em Veneza, é proibido preparar café com máquinas portáteis em locais públicos, como a Praça de São Marcos ou a Ponte Rialto. Alguns turistas que tentaram fazê-lo acabaram por ser multados em 950 euros. Face a esta realidade, o Die Welt ironiza: “sai mais barato pagar 19 euros por um cappuccino do que arriscar uma multa quase mil euros”.