A Coreia do Sul foi recentemente atingida por um novo surto de mosquitos do amor (“lovebugs”).
No entanto, o romance está longe de estar no ar para os residentes de Seul e da cidade vizinha de Incheon, que têm sido assolados por estes insetos incómodos nas últimas semanas, à medida que o aumento das temperaturas provocado pelas alterações climáticas impulsiona a sua propagação.
Na sexta-feira, dezenas de trabalhadores do governo foram enviados para o monte Gyeyangsan, a oeste da capital, para gerir um “surto extremamente grave”, informou o ministério do Ambiente em comunicado.
Vídeos partilhados nas redes sociais mostraram trilhos cénicos de caminhada ao longo do pico transformados em corredores de caos em forma de zumbido.
As imagens mostram caminhantes a agitar os braços no meio de enxames de insetos do tamanho de uma unha, com uma pessoa completamente coberta pelas criaturas de asas pretas e outra a remover milhares de carcaças minúsculas do trilho.
Num vídeo publicado no YouTube, um homem recolhe milhares destes insetos e leva-os para casa para fazer hambúrgueres, que depois aparenta comer.
Um homem segura dezenas de lovebugs nas mãos no Monte Gyeyang a 3 de julho de 2025. Anthony Wallace/AFP/Getty Images
De onde vêm os lovebugs?
Os lovebugs, conhecidos cientificamente como Plecia longiforceps, têm este nome devido ao seu comportamento de acasalamento, quando colidem entre si durante o voo.
Encontram-se em regiões subtropicais, incluindo o sudeste da China, Taiwan e as Ilhas Ryukyu do Japão. Também existem em partes da América Central e do sul dos Estados Unidos, incluindo Texas e Florida.
Detetados pela primeira vez na Coreia do Sul em 2015, acredita-se que tenham chegado a partir do sul da China. Desde 2022, têm sido vistos nos arredores de Seul, especialmente em zonas portuárias, entre junho e julho, segundo o ministério do Ambiente.
Porque se estão a espalhar?
Especialistas afirmam que as alterações climáticas e o aumento das temperaturas estão a impulsionar a deslocação dos mosquitos do amor para norte, em direção a áreas como Seul e Incheon.
Embora o aquecimento global seja um problema à escala planetária, os cientistas identificaram Seul como uma zona onde as temperaturas estão a subir a um ritmo mais rápido do que noutras partes do mundo.
Esta situação é agravada pelo efeito de ilha de calor da cidade, onde as temperaturas são muito mais elevadas do que nas áreas rurais próximas, devido à absorção e retenção de calor pelas estruturas urbanas.
“Com as alterações climáticas a aumentar a instabilidade ecológica, devemos manter-nos vigilantes durante todo o verão”, afirma Kim Tae-o, diretor do ministério do Ambiente.
São perigosos?
Os mosquitos do amor não transmitem doenças nem picam os humanos. No entanto, as pessoas queixam-se devido à sua presença nos vidros dos carros, nas paredes de casas, restaurantes e carruagens de metro.
Até ao momento, as autoridades aconselham os trabalhadores locais e os residentes a combater os enxames com jatos de água ou armadilhas adesivas, em vez de pesticidas químicos.
Para onde poderão espalhar-se a seguir?
Estão a expandir-se no noroeste da Coreia do Sul, embora qualquer disseminação adicional permaneça incerta.
“Comparado com os últimos dois anos, o número de mosquitos do amor aumentou drasticamente”, explica Wang Hyeon-jeong, responsável do distrito de Gyeyang.
Áreas com um clima quente e húmido poderão atrair os mosquitos, já que essas são condições favoráveis para a sua sobrevivência e reprodução.
Os insetos, conhecidos cientificamente como Plecia longiforceps, fotografados a voar sobre uma árvore no Monte Gyeyang a 3 de julho de 2025. Anthony Wallace/AFP/Getty Images
E agora, Coreia do Sul?
A câmara municipal de Seul considera os mosquitos do amor como “ecologicamente benéficos”, pois não representam riscos para a saúde humana e ajudam na polinização das flores, sendo que as suas larvas convertem matéria vegetal em componentes orgânicos.
Contudo, os meios de comunicação locais reportam que as queixas à Câmara Metropolitana de Seul mais do que duplicaram, passando de 4.418 em 2023 para 9.296 só no ano passado.
Recentemente, os ministros do Ambiente concordaram em reforçar e investir mais nos procedimentos de resposta após o último surto, que descreveram como “extremamente grave”.
“Vamos monitorizar de perto a situação e trabalhar com as autoridades locais desde os primeiros sinais de qualquer surto”, afirmam.
No entanto, o controlo natural destes mosquitos já parece estar em curso, com aves como pardais e pegas a aprenderem a comer os insetos, o que tem provocado uma queda no número destes.