O Benfica não teve Alcochete, mas a corrida às eleições de outubro parece-se com a corrida às eleições do Sporting de setembro de 2018. Há sete anos, apareceram Frederico Varandas, João Benedito, José Maria Ricciardi, Dias Ferreira, Fernando Tavares Pereira e Rui Jorge Rego. Se fizemos bem as contas, eram seis candidatos. Os mesmos do Benfica em 2025: Rui Costa, Luís Filipe Vieira, João Noronha Lopes, João Diogo Manteigas, Martim Mayer e Cristóvão Carvalho. Seis pode ser visto como claríssimo sinal de democracia. Ou de clube dividido e em crise. Inclino-me mais para esta possibilidade.
O incumbente é quase sempre visto como mais forte candidato à vitória. No caso do Benfica, o incumbente é Rui Costa. Se as eleições fossem hoje, era favorito: Supertaça no bolso, eliminação do Nice, duas vitórias nas duas primeiras jornadas de Liga e empate no terreno do Fenerbahçe na primeira mão do play-off da Liga dos Campeões. Porém, até 25 de outubro, a equipa do Benfica disputará seis jogos na Liga (Alverca, Aves SAS e FC Porto fora de casa; Santa Clara, Rio Ave e Gil Vicente na Luz), a segunda-mão com o Fenerbahçe e três jornadas de Liga dos Campeões ou Liga Europa. Ou seja, relativamente a Rui Costa, é como cantava a Banda do Casaco: hoje há conquilhas, amanhã não sabemos. Hoje, parece ser favorito, amanhã sê-lo-á ou não.
Quem será o favorito dos restantes cinco? Ninguém sabe. Parece-se haver dois abaixo dos restantes: Martim Mayer e Cristóvão Carvalho. O primeiro apareceu a apoiar-se demasiado no nome do avô, Duarte Borges Coutinho, presidente do Benfica entre 1969 e 1977. Parece pouco tentar catapultar a candidatura baseando-se na premissa de ser neto de quem é. O segundo tem sugerido na campanha ideias demasiado megalómanas para serem credíveis: 400 milhões de euros para investir em contratações e ser campeão da Europa. Ideias para agradar aos mais emocionais.
Passemos aqueles que parecem ser os principais candidatos a desalojar o incumbente Rui Costa. Luís Filipe Vieira parece ter a máquina pensada, mas não pensou em ideias novas. Apenas velhas: atacar Rui Costa, relembrar o que fez entre 2003 e 2021 e afirmar que será ele a conduzir a locomotiva dos direitos televisivos. Tudo espremido, quase nada. João Noronha Lopes começou bem, embora os seus discursos me pareçam, aqui e ali, envolvidos em algum populismo. Falar alto e de forma espalhafatosa não parece um caminho adequado. Mas, lá está, há benfiquistas emocionais e benfiquistas racionais. Por fim, João Diogo Manteigas. Parece o mais bem preparado dos candidatos e dos poucos que têm apresentado ideias. E apareceu agora a falar aos emocionais, com a ideia de que o Benfica, em Portugal, deveria ter vencido o que não venceu.