Cantores tiveram sucesso nas parcerias ‘The Girl Is Mine’ e ‘Say Say Say’, mas romperam após investida ousada de Jackson pelos direitos das músicas do quarteto de Liverpool
25 ago
2025
– 21h36
(atualizado às 21h40)
Há 40 anos, em agosto de 1985, Michael Jackson comprou o catálogo dos Beatles por US$ 47,5 milhões (cerca de R$ 257 milhões na cotação atual), o que levou Paul McCartney a romper a amizade.
Para entender a mágoa de Paul, é preciso remontar a 1969, quando a Northern Songs — editora que controlava as músicas de John Lennon e Paul McCartney — foi vendida para a ATV por Dick James, dono da Northern, que fechou o negócio sem esclarecer corretamente os trâmites para John e Paul.
No começo dos anos 1980, Paul teve a chance de recomprar o catálogo. Ligou para Yoko Ono, viúva de Lennon, mas não deu certo. O preço teria disparado, e a oportunidade se perdeu.
Em agosto de 1985, Michael Jackson comprou o catálogo dos Beatles por US$ 47,5 milhões, o que levou Paul McCartney a romper a amizade.
Foto: Reprodução/Acervo Estadão / Estadão
Pouco depois, Paul foi surpreendido por uma ligação de Michael Jackson, quem ele jamais conhecera pessoalmente. “Hey Paul, quer fazer uns hits?”, disse o astro recém-saído do sucesso estrondoso de Thriller.
Logo, os dois estariam juntos na Inglaterra, se divertindo e compondo. Daquela parceria nasceriam as canções The Girl Is Mine e Say Say Say. Ambos desfrutavam de uma amizade genuína, até que um conselho mudaria tudo.
Durante uma conversa, Michael pediu dicas de negócios. Paul, já experiente no mundo da música, disse: “você devia pensar em investir em publishing [direitos autorais]. É um ótimo negócio. Eu faço e funciona muito bem”. Michael ouviu e respondeu: “vou comprar os seus [direitos autorais]”. Paul riu. Achou que era só uma piada. Mas não era.
Em 1985, a ATV estava novamente à venda. Michael foi mais ligeiro que Paul e Yoko e, no dia 14 de agosto, assinou o cheque de US$ 47,5 milhões. A amizade entre os cantores esfriou e o distanciamento foi inevitável.
Em 2016, o espólio de Michael Jackson, morto em 2009, vendeu sua participação no empreendimento para a Sony por US$ 750 milhões (mais de R$ 4 bilhões na cotação atual).
Paul então entrou com uma ação judicial contra a Sony/ATV Music Publishing para reivindicar os direitos autorais das canções dos Beatles. O processo foi encerrado por um acordo confidencial em 2017. Com isso, McCartney pode finalmente reaver os direitos do catálogo que inclui clássicos do quarteto de Liverpool, como Yesterday e Hey Jude.