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As redes sociais estão a transformar-se num canal inesperado para atrair jovens europeus para empregos no setor de mineração na Austrália. Vídeos curtos no TikTok têm mostrado a rotina de trabalhadores em minas remotas, despertando interesse de quem procura experiências de trabalho bem remuneradas e temporárias.

Janne D’Huyvetter, uma belga de 30 anos, é um exemplo desse fenómeno. Inicialmente influenciadora de viagens, D’Huyvetter mudou o foco do seu conteúdo ao conseguir um visto de trabalho na Austrália em 2023 e ser empregada num campo de mineração isolado. Os vídeos que ela passou a publicar sobre a sua rotina de trabalho em regime FIFO — “fly-in fly-out”, em que os trabalhadores são transportados de avião para locais remotos por semanas — rapidamente viralizaram. Hoje, D’Huyvetter orienta os seus 83 mil seguidores sobre como conseguir empregos similares, como relata a ‘Bloomberg’.

O interesse pelo regime FIFO tem crescido significativamente entre jovens europeus. A Austrália concedeu 1.414 vistos de férias-trabalho de segundo ano para estrangeiros com empregos no setor de mineração nos 12 meses até junho de 2024, em comparação com menos de 500 no ano anterior. As pesquisas no Google por “FIFO Austrália” também atingiram níveis recordes.

Empreiteiros e agências de recrutamento, responsáveis por fornecer trabalhadores a gigantes como BHP, Fortescue e Rio Tinto, beneficiam do aumento de candidatos. Os empregos geralmente envolvem longas jornadas em locais remotos, mas oferecem salários atrativos e incluem alojamento e alimentação, permitindo aos trabalhadores poupar para viagens.

Apesar do apelo, especialistas alertam para a competitividade das vagas e para os desafios reais da mineração. Vídeos nas redes sociais muitas vezes exageram a facilidade do trabalho e as condições de bem-estar, que variam entre os acampamentos. Investigações apontaram inclusive casos de assédio e abuso sexual em algumas minas.