Fernando Meirelles disse que hoje é pessimista com a questão ambiental, mas que ela já não lhe causa mais ansiedade Foto: Fabio Braga/O2/Divulgação

Fernando Meirelles, cineasta indicado ao Oscar Cidade de Deus e diretor de um dos episódios de Pssica, nova minissérie brasileira da Netflix, é conhecido, também, pelo seu apreço à causa ambiental – e acredita que ela precisa ser tratada com urgência.

“É um tema urgente não só no ano da COP [30, que acontecerá em Belém], mas cada vez mais e no futuro”, disse ele, por email, ao Estadão. “Nossa sobrevivência está em jogo. Se perdermos a Amazônia todo o regime de chuva do Brasil se modificará. A floresta produz as chuvas que irrigam o agronegócio e parte do sudeste brasileiro, lutar pelo fim do desmatamento e pela restauração é questão de sobrevivência”.

O cineasta ainda afirmou que, apesar de pessimista, não se sente mais ansioso com o assunto: “Há dez anos esta questão me consumia inteiramente, hoje continuo atento e fazendo o que é possível, mas apesar de pessimista, não tenho mais ansiedade. Hoje vivo como um paciente terminal que sabe que perdeu o jogo e invisto em paliativos.”

‘Pssica’ e a questão da exploração sexual

Na ocasião, Meirelles também comentou sobre a relevância de levar às telas, em Pssica, a realidade da exploração sexual de menores no Pará. É no estado que se passa a minissérie baseada no livro homônimo de Edyr Augusto e, também, o recente filme Manas, que trata do mesmo assunto.

“Manas [é] um filme que ninguém deveria perder, sobre o mesmo tema de Pssica, mas com outra perspectiva e numa outra levada. São projetos importantes pois aparentemente o Pará ainda é um estado machista, pelo que apuramos, e Marajó, onde passa parte da nossa história, ganhou muitas páginas de jornal recentemente por vir à tona a exploração de menores.”

Pssica tem direção-geral de Quico Meirelles, e roteiro de Bráulio Mantovani, Fernando Garrido e Stephanie Degreas. Os quatro episódios já estão disponíveis na Netflix.

‘Está em todo lugar’: Atores de Pssica comentam importância de retratar tráfico sexual em minissérie

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Produção que estreia na Netflix nesta quarta, 20, acompanha três personagens cujos destinos se entrelaçam no Pará; Quico Meirelles e Fernando Meirelles dirigem. Crédito: Beatriz Amendola e Léo Souza/Estadão