Quando não há comida suficiente, as crianças sofrem de subnutrição grave e morrem lenta e dolorosamente. Em termos simples, isso é a descrição da fome”, vincou a diretora da Save the Children, Inger Ashing.

A responsável foi convidada a intervir numa reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre o conflito israelo-palestiniano.

As crianças já não têm força para falar ou chorar enquanto estão em agonia. Ficam ali deitadas, extremamente magras, literalmente a definhar, com os seus pequenos corpos vencidos pela fome e pela doença”, descreveu.

As crianças de Gaza “atingiram o seu ponto de rutura. Onde está o vosso?”, questionou Inger Ashing, relembrando que a ONG alertou antecipadamente para o risco de fome extrema.

“Dissemos-vos alto e bom som que isto ia acontecer”, acusou. “Todos os presentes nesta sala têm a responsabilidade legal e moral de atuar para pôr fim a esta atrocidade”.ONU fala em ligeiro aumento da ajuda humanitária

Joyce Msuya, uma das responsáveis pelas operações humanitárias da ONU, disse por sua vez que “pôr fim a esta crise exige que atuemos como se fosse a nossa mãe, o nosso pai, o nosso filho, a nossa família a tentar sobreviver hoje em Gaza”.

Congratulando-se com o “ligeiro aumento” da ajuda humanitária que conseguiu entrar no território palestiniano nas últimas semanas, Msuya alertou, porém, que esses avanços “não vão inverter a situação de fome nem travar o seu curso”.

As declarações surgem depois de, na semana passada, o Quadro Integrado de Classificação da Segurança Alimentar, mecanismo das Nações Unidas, ter declarado oficialmente a fome em Gaza.

Esta entidade estima que existam 500 mil pessoas em privação alimentar no enclave, número que deverá aumentar em setembro e alastrar-se às províncias de Deir el-Balah e Khan Younis, cobrindo cerca de dois terços de Gaza.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, denunciou o relatório da ONU que declara a fome em Gaza como uma “mentira descarada” e culpou o Hamas pela escassez de bens alimentares.

c/ agências