Artigo científico aponta potenciais aplicações da suplementação em áreas como neuroproteção, imunidade e metabolismo
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Dormir bem é um cuidado simples que transforma nossa saúde Greg Pappas/Unsplash
Um estudo que publiquei em coautoria com a Profa. Dra. Luciana Pellegrini Pisani, ambas pesquisadoras da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), na revista internacional Sleep and Breathing, analisou 71 trabalhos realizados entre 2011 e 2024 para investigar os impactos da suplementação de melatonina em diferentes aspectos da saúde física e mental.
Embora a melatonina seja amplamente conhecida por seu papel na regulação do sono, nossos resultados mostram que seus efeitos vão muito além disso, abrangendo neuroproteção, imunidade, metabolismo e saúde emocional. Trata-se de um hormônio multifuncional, com propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e imunomoduladoras.
Produzida principalmente pela glândula pineal durante a noite, a melatonina também é sintetizada em tecidos periféricos, como o trato gastrointestinal e células do sistema imune.
Sua ação ocorre por meio da ligação aos receptores MT1 e MT2 no sistema nervoso central, influenciando neurotransmissores como serotonina e dopamina e modulando processos fisiológicos essenciais para o equilíbrio do organismo.
A análise revelou que a suplementação pode melhorar significativamente a qualidade do sono, especialmente em indivíduos com distúrbios do ritmo circadiano, como trabalhadores noturnos, idosos e pessoas com insônia crônica.
Também encontramos evidências promissoras de efeito neuroprotetor em doenças como Alzheimer e Parkinson, além de redução da ansiedade em contextos cirúrgicos.
Tatiana Palotta Minari é nutricionista, mestre em Psicologia e Saúde pela FAMERP e doutora em Ciências da Saúde, com ênfase em diabetes, hipertensão, cardiopatias e obesidade, também pela FAMERP. Possui especializações em Nutrição e Suplementação Esportiva, além de Neurociências, ambas pela UNIFESP. Atualmente realiza pós-doutorado em Ciências da Saúde, com foco em crononutrição e sono, na UNIFESP. É membro de sociedades científicas nacionais e internacionais, incluindo a American Society for Nutrition, European Society of Cardiology, European Society for Clinical Nutrition and Metabolism, International Diabetes Federation, British Pharmacological Society e Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.
Em atletas, a melatonina mostrou potencial para acelerar a recuperação física e reduzir o estresse oxidativo após treinos intensos. Por outro lado, os dados sobre obesidade, controle glicêmico, microbioma intestinal, saúde respiratória, câncer, saúde psiquiátrica, pediatria e gravidez ainda são inconclusivos.
Muitas dessas pesquisas apresentam limitações metodológicas, como amostras pequenas, curto tempo de acompanhamento e ausência de grupos controle, o que dificulta a generalização dos resultados.
Por isso, apesar do entusiasmo em torno da melatonina, ressalto que seu uso deve ser cuidadosamente avaliado, considerando o perfil individual de cada paciente e os possíveis efeitos adversos, como sonolência excessiva, pesadelos e alterações de humor.
A mensagem central do nosso artigo é clara: a melatonina possui um potencial terapêutico relevante, mas não deve ser encarada como solução universal. A prescrição deve ser personalizada, baseada em evidências científicas e acompanhada por profissionais capacitados.
Defendemos ainda a realização de novos estudos clínicos, com metodologias mais robustas e acompanhamento longitudinal, para compreender melhor seus mecanismos e ampliar a segurança e eficácia de seu uso em diferentes contextos da saúde humana.
O uso de suplementos, medicamentos e vitaminas deve ser feito com cautela e sempre com a orientação de um profissional de saúde de sua confiança.
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