O anúncio é feito pela empresa que tem o seu nome: “É com profunda tristeza que comunicamos o falecimento de Joaquim Pinto Lopes, fundador da Pinto Lopes Viagens, cuja vida foi dedicada a abrir caminhos pelo mundo e a inspirar gerações a descobrirem novos horizontes.​” Joaquim Pinto Lopes tinha 81 anos. O velório é nesta quinta-feira, das 17h às 22h, no Salão Nobre dos Bombeiros Voluntários de Cete, em Paredes. E o funeral será na sexta, com saída às 11h para o Mosteiro de Cete, onde serão celebradas as cerimónias fúnebres.

Joaquim Pinto Lopes é uma figura marcante do turismo nacional. “É provavelmente o português com mais décadas de viagens e mais quilómetros acumulados dos nossos dias”, refere o livro Mais Mundo Houvesse: Vida e viagens de Joaquim Pinto Lopes, editado pelo Clube de Autor, em 2023, ano em que a Pinto Lopes Viagens assinalou 50 anos de existência.

Foi em 1973 que o empresário abriu a sua empresa e começou a organizar excursões de autocarro pela Europa, acabando por expandir a sua oferta ao mundo, cimentando a sua marca no sector das viagens organizadas e levando milhares de clientes a quase todos os países do mundo, acompanhando muitos desses percursos, “por territórios tão improváveis como as planícies geladas da Antárctida, as ilhas felizes do Pacífico ou os cemitérios domésticos das Celebes”, diz a sinopse da biografia escrita por três viajantes, Gonçalo Cadilhe, Raquel Ochoa e José Luís Peixoto, que fazem parte do portefólio de uma das ofertas da empresa, as Viagens com Autores, que existem desde 2012, onde se incluem ainda historiadores, jornalistas e até o chef Henrique Sá Pessoa.

Em 2023, ano que marcou o meio século do operador turístico e agência de viagens “especializada em viagens culturais em grupo e de autor, com guia em português”, segundo refere o site da empresa, Joaquim Pinto Lopes recebeu a Medalha de Ouro da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT). Na altura, a associação descreveu-o como um “fantástico exemplo de perseverança, coragem, esperança e superação” e “uma das maiores inspirações do nosso mercado”, cita o site TNews, especializado em turismo.


Sendo a sexta geração de uma família que sempre esteve ligada ao sector do transporte de passageiros — tudo começou em 1870, com carros puxados a cavalos —, Joaquim Pinto Lopes iniciou as excursões ainda no tempo do Estado Novo, dando a conhecer a Europa, de autocarro. “Estávamos já perto da Revolução quando, em 1973, me lancei nesta longa aventura. Chamaram-me louco e provavelmente tinham razão. Eram tempos difíceis, em que a geopolítica transformava fronteiras em barreiras quase intransponíveis. Impunha-se um espírito aventureiro, de mochilas e tendas, sacos-cama e farnéis, autocarros com bagagem no tejadilho e sem ar condicionado. Durante anos, dei a conhecer a Europa a todos os amigos que comigo quiseram partilhar essa loucura. A experiência continuou”, testemunha na biografia.

No Facebook, são muitas as mensagens de condolências à família e à empresa, mas também de elogio. “O senhor Pinto Lopes foi um verdadeiro viajante, neste mundo, sempre a abrir caminho, seguro e fascinante para os outros”, diz uma cliente. “Perdi um grande amigo! Nunca esquecerei a alegria com que conjecturávamos algumas das viagens do meu grupo e as concretizávamos, sendo o nosso guia. A paciência, a disponibilidade, o know-how, o carinho, as histórias, a alegria que reinava na descoberta de várias partes do mundo, jamais serão esquecidas…”, lamenta outra. “Deu o mundo a conhecer a muitos milhares de pessoas. Tive o grato prazer de viajar com ele e recordo os excelentes momentos que partilhámos. Partiu agora para a sua última viagem. Que descanse em paz”, termina outro.