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Familiares acreditam que os funcionários do hotel possam estar envolvidos no desaparecimento uma vez que a mulher pagou 20 noites antecipadamente, razão pela qual não iria embora sem avisar a família. Erros gramaticais em mensagem enviada seis dias após o desaparecimento levantam suspeitas.

'Mati' de 72 anos desapareceu há mais de dois meses após viagem à Indonésia, família suspeita de crime

Reprodução Facebook

Depois de anos a viajar pelo mundo em trabalho, Matilde Muñoz, uma ex-comissária de bordo espanhola, quis passar a velhice a descobrir uma das suas grandes paixões: a Ásia e tudo o que envolve a espiritualidade deste continente. Aos 72 anos, a sua última paixão foi a Indonésia onde desapareceu no início de julho.

A mulher de 72 anos, ávida viajante, já tinha passado temporadas na Índia, Nepal, Tailândia e Vietname, mas nunca deixava de informar familiares e amigos dos seus passos. Foi precisamente essa ausência de notícias que fez soar os alarmes.

‘Mati’, como era carinhosamente conhecida, deixou de responder aos WhatsApp’s da família e amigos no dia 1 de julho. Seis dias depois o telemóvel voltou a estar ativo, não para responder aos seus entes queridos, mas para um funcionário do hotel onde estava hospedada, a quem escreveu que estaria no Laos.

O problema – e sinal de alerta além de tudo o resto – foram os erros gramaticais “atípicos” de Mati na mensagem. Após semanas de investigação, a família exige à polícia indonésia e à Interpol que reforcem as buscas, pois consideram o caso um “crime típico” e suspeitam do possível envolvimento dos responsáveis ​​pelo hotel onde ela estava hospedada.

Em causa as contradições dos mesmos quando confrontados pelas autoridades e a demora em identificarem o quarto de hotel onde Mati estava hospedada e onde tinha 20 dias pagos antecipadamente.

Ignacio Vilariño, sobrinho e porta-voz da família, criticou o facto de a Polícia Forense ter levado semanas até revistar o quarto, embora não saiba o que encontraram lá. O que se sabe é que os funcionários do hotel inicialmente indicaram aos polícias outro quarto. 

Vilariño denunciou ainda as contradições de alguns funcionários e gerentes do hotel “como tão óbvias que não deixam margem para dúvidas” sobre seu possível envolvimento no desaparecimento da espanhola.

Ainda a aumentar as suspeitas de crime está o facto de, no último domingo, a maior parte dos pertences da espanhola ter sido encontrada no lixo da unidade hoteleira. No entanto, nem o passaporte, nem cartões de crédito, ou telemóvel foram encontrados, levantando suspeitas de roubo ou de tentativa deliberada de encobrir provas.

“É impossível que ela tenha ido embora por vontade própria. Ela era uma mulher que relatava seus movimentos minuto a minuto e nunca parava de responder aos seus entes queridos”, enfatizou o representante da família. 

A família e amigos pede que sejam verificadas as imagens de videovigilância de uma mesquita próxima que poderão ser a chave para resolver o mistério.

“Adora viajar” e “ser feliz”

A espanhola é descrita por Yogini Kistika, instrutor de ioga e amigo de Mati há uma década, como “uma amiga maravilhosa, generosa, feliz, gentil e presente”. Numa publicação feita no Facebook a pedir ajuda, destaca que a amiga “adora viajar, fazer amigos e ser feliz”.

“O último lugar conhecido é Lambok, na Indonésia. Peço a todos os meus amigos, os que a conhecem e também os que não a conhecem, em todos os países, que rezem por seu bem-estar, que rezem para que ela esteja bem e que em breve sua família e nós, amigos, tenhamos notícias dela”, apelou.

No Facebook multiplicam-se os apelos. “Conhecemos Matilde Muñoz no Camboja em 2018. Ela é uma grande amiga, sincera, honesta e uma pessoa maravilhosa. Mantivemos contato de vez em quando, trocando mensagens ao longo de sete anos”, lê-se num dos posts.