“O Secretário de Estado Marco Rubio está a revogar e a negar vistos a membros da Organização para a Libertação da Palestina e da Autoridade Palestiniana antes da próxima Assembleia Geral da ONU”, afirmou o Departamento de Estado em comunicado.
O departamento não divulgou os nomes das autoridades visadas, não ficando claro se o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, que tencionava discursar neste encontro, está incluído nas restrições. O Departamento de Estado disse, porém, que a missão da Autoridade Palestiniana na ONU não estaria incluída nas restrições. As restrições seguem-se à imposição de sanções norte-americanas à Autoridade Palestiniana e aos membros da OLP, em julho, por “apoio ao terrorismo”.
“A Administração Trump tem sido clara: é do nosso interesse de segurança nacional responsabilizar a Organização para a Libertação da Palestina e a Autoridade Palestiniana por não cumprirem os seus compromissos e por comprometerem as perspetivas de paz”, lê-se no comunicado.
O Departamento de Estado acusa ainda os palestinianos de utilizarem indevidamente o sistema judicial para fins ilegítimos, recorrendo ao Tribunal Penal Internacional e ao Tribunal Internacional de Justiça para resolver os seus litígios com Israel.
No comunicado, o Departamento de Estado dos EUA considera que a Autoridade Palestiniana deve pôr fim às “tentativas de contornar as negociações através de guerras jurídicas internacionais” e aos “esforços para garantir o reconhecimento unilateral do Estado palestiniano”.
Israel saúda “iniciativa corajosa”
O embaixador dos palestinianos na ONU, Riyad Mansour, disse que estavam a verificar os contornos da medida, prometendo responder “em conformidade”.
“Veremos exatamente o que isso implica e como se aplica às nossas delegações, e depois responderemos em conformidade”, disse Mansour aos jornalistas.
Israel, por sua vez, elogiou a “iniciativa corajosa” dos Estados Unidos. “Obrigado (…) por responsabilizar a OLP (Organização para a Libertação da Palestina) e a Autoridade Palestiniana pelas recompensas que oferecem aos terroristas, pela sua incitação e pelos seus esforços para lançar uma guerra legal contra Israel”, escreveu o ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, Gideon Saar, na rede social X.
“Agradecemos [ao presidente dos EUA, Donald Trump] e à sua administração por esta corajosa iniciativa (e) pelo apoio mais uma vez oferecido a Israel”, acrescentou.
De acordo com um acordo da ONU de 1947, os EUA estão obrigados a permitir o acesso de diplomatas estrangeiros à sede da ONU, em Nova Iorque. Mas Washington afirma que pode negar vistos por motivos de segurança, terrorismo e política externa. O Departamento de Estado também argumenta que está a respeitar o acordo ao autorizar a missão palestiniana da ONU.
A Assembleia Geral da ONU vai realizar-se de 9 a 23 de setembro. O presidente norte-americano, Donald Trump, deverá comparecer nesta reunião, depois de ter limitado significativamente as suas relações com as Nações Unidas e outras organizações internacionais.
Durante esta Assembleia Geral é também esperado que a França reconheça oficialmente o Estado da Palestina. O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou em julho que iria fazer o “anúncio solene” durante este encontro na ONU.
O Canadá, a Grã-Bretanha e a Austrália também sinalizaram, nas últimas semanas, a sua intenção de reconhecer um Estado palestiniano durante a reunião da Assembleia Geral da ONU.