O fim da incerteza em relação a um conflito entre dois parceiros que representam quase um terço de todas as trocas comerciais está a fazer, esta segunda-feira, com que os mercados bolsistas dêem sinais de alívio e registem subidas nos seus principais índices.
Em resposta ao anúncio de um acordo feito na véspera ao fim da tarde pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, as bolsas mundiais iniciaram o dia com a subida do valor das suas acções.
Primeiro na Ásia, onde o principal índice da bolsa de Hong Kong se valorizou 0,4%, o de Seul subiu 0,6% e o de Xangai 0,1%. Para além do acordo entre UE e EUA, também a beneficiar as cotações das bolsas asiáticas estiveram as notícias de aceleração das negociações entre a China e os EUA, com as duas partes a tentarem chegar a um entendimento antes do encontro agendado entre os presidentes dos dois países para Outubro.
Apenas a bolsa de Tóquio não está a registar um dia positivo, apresentando mesmo uma perda de 1% no seu índice. A explicação está, dizem os analistas, nas dúvidas que se vão instalando em relação ao acordo assinado entre os EUA e o Japão na semana passada e que, com uma tarifa de 15% como base, é em tudo semelhante ao agora anunciado entre a UE e os EUA.
Nas bolsas europeias, o início da sessão desta segunda-feira foi marcado por subidas na generalidade dos índices. Na Alemanha, o ganho foi de 0,8%, em França de 1% e em Espanha de 0,8%. O índice FTSE 100 da bolsa de Londres conseguiu uma valorização inicial de 0,5%.
Na bolsa de Lisboa, o ambiente também foi positivo no início da sessão, com uma subida moderada do índice PSI 20 situada em torno de 0,2%.
A explicação para o arranque positivo do dia nas bolsas mundiais e em particular nas europeias está no facto de, com o anúncio do acordo por Von der Leyen e Trump, terem ficado por agora mais distantes os cenários muito mais penalizadores de incerteza constante e de guerra comercial aberta entre os dois blocos económicos.
Os Estados Unidos e a União Europeia têm a relação comercial mais importante do mundo, com volumes de trocas que no ano passado totalizaram 1,64 biliões (milhões de milhões) de euros, correspondentes a 30% do comércio global e a 43% do PIB mundial.
São algumas ainda as dúvidas em relação ao acordo estabelecido e as tarifas de 15% que irão ser aplicadas pelos EUA aos produtos importados da UE são muito mais altas do que as que se registavam antes de Donald Trump regressar ao poder no início deste ano. No entanto, o simples facto de, a partir de agora, se poder eventualmente vir a assistir a uma estabilização das condições comerciais entre as duas partes já é visto como uma melhoria significativa para empresas e investidores dos dois lados do Atlântico.
Para além disso, mesmo os 15% acabam por ser um mal menor face aos cenários alternativos que têm vindo a ser postos em cima da mesa pela administração norte-americana, tendo em conta que, em Abril, as “tarifas recíprocas” anunciadas por Trump para a Europa ascendiam a 20% e, no início do mês, o valor avançado pelo Presidente norte-americano subiu para 30%.
Outra notícia que faz os mercados europeus suspirarem de alívio é a de que as taxas alfandegárias de 15% serão aplicadas aos sectores automóvel e farmacêutico, duas indústrias em que a Europa depende fortemente dos EUA e em relação às quais se instalaram muitas dúvidas nos últimos meses.
Esta segunda-feira, o valor do euro face ao dólar, que nos últimos meses têm registado uma subida muito significativa, manteve-se estável.