Rúben Amorim e o Manchester United não têm um dia de descanso. Neste sábado, na jornada 3 da Liga inglesa, a equipa treinada pelo técnico português venceu o Burnley por 3-2 – o primeiro triunfo da temporada, depois da derrota com o Arsenal, o empate com o Fulham e do escândalo da eliminação na Taça da Liga com uma equipa da quarta divisão.

Mas a montanha-russa não é apenas nos resultados e no futebol apresentado. Só neste jogo, o United teve um penálti a favor que foi revertido com ajuda do VAR e beneficiou de um autogolo depois de um cabeceamento à trave que bateu num adversário e entrou na baliza. Também teve lesão de Matheus Cunha – provavelmente grave –, brasileiro que estava a ser dos mais consistentes neste início de época. Ainda sofreu um golo às três tabelas, que poderia perfeitamente ter sido registado como autogolo de Mainoo. E acabou com um penálti a seu favor aos 90+2’, com ajuda do VAR, que valeu o triunfo neste jogo.

Por ali, já aconteceu um pouco de tudo – e o que não aconteceu provavelmente ainda vai acontecer. A vida de Amorim no United já daria um filme, com direito a um argumento rico, uma trama complexa, bons actores, emoção, drama e até uma boa dose de plot-twist.

Diallo em bom plano

Depois do drama a meio da semana, Amorim voltou à equipa-base. E será justo lembrar que essa equipa não tem sido propriamente má. O United fez bastante para vencer o Arsenal (e acabou a perder) e mesmo com o Fulham também não foi nada de se desdenhar – sofreu a defender, mas criou bastantes oportunidades.

Esta partida com o Burnley foi mais do mesmo. A equipa acabou com 3,54 golos esperados e conseguiu vários lances bem construídos, quase sempre com participação de Diallo – a começar, a criar ou a concluir, parece ser claramente o jogador mais capaz de ajudar Amorim nesta fase.

O 3x4x3 é inegociável, como já se sabe, mas Amorim tem conseguido dar uma roupagem diferente em relação ao ano passado – Matheus Cunha como avançado cria muita confusão aos adversários, pela mobilidade e pelo vasto leque de soluções técnicas em apoio frontal, em drible ou no ataque ao espaço. E o Burnley estava a ter dificuldade em acertar as referências de marcação, tendo várias vezes os centrais em inferioridade numérica.

O United chegou ao golo aos 27’, num cabeceamento de Casemiro que bateu na trave e desviou em Cullen antes de entrar na baliza – a tecnologia da linha de baliza ajudou o árbitro. Curiosamente, o United marcou numa bola parada, depois de ter sido essa via a valer os problemas com Arsenal, Fulham e Grimsby.

O drama

Aos 55’, depois de um momento de desposicionamento, a defesa do United tinha Shaw como central do meio e De Ligt à esquerda. A confusão entre ambos deixou Lyle Foster livre para finalizar um cruzamento sem oposição, num lance algo bizarro pela parca oposição do United ao atacante.

Um minuto depois, no pontapé de saída, o United explorou o jogo directo num verdadeiro kick and rush à inglesa. Bola no guarda-redes, jogadores correm para a frente, avançado ganha no ar, extremo cruza e ala do lado oposto finaliza – foram Zirkzee, Dalot e Mbeumo a fazer o desenho daquele que foi o primeiro golo de um jogador do United no campeonato (até aqui tinham sido apenas autogolos).

Mas, como já dissemos, a vida do United dá um filme. Aos 67’ houve outro golo bizarro – mais até do que o primeiro. Num lançamento lateral, a bola foi pingar na área do United e andou às três tabelas até uma defesa incompleta de Bayindir e um corte torto de Mainoo que fez a bola bater no seu guarda-redes e entrar na baliza.

Até ao final, o United não teve a capacidade que já mostrou noutros momentos – mesmo neste jogo. O futebol ofensivo era confuso e o nervosismo apoderou-se de uma equipa a quem já aconteceu um pouco de tudo.

Mas o filme ainda não tinha acabado. Aos 90+2’, Diallo foi agarrado pela camisola quando entrava na área e o VAR sugeriu ao árbitro assinalar penálti – a infração de agarrão é sancionada onde a acção termina e, portanto, dentro da área.

Bruno Fernandes bateu com categoria e deu o primeiro triunfo na temporada.