Um dos maiores cronistas do Brasil, dono de humor refinado e texto preciso, Luis Fernando Verissimo, que morreu neste sábado (30) aos 88 anos em Porto Alegre, após três semanas internado com uma pneumonia, era admirador declarado de algumas estrelas da TV. Entre elas, Luana Piovani, Patrícia Pillar, Lúcia Veríssimo e Patrícia Poeta, “musas” que inspiraram diversas crônicas do escritor gaúcho.
- Luto: Morre Luis Fernando Verissimo, mestre da crônica e do humor, aos 88 anos
- Mestre: 12 livros imperdíveis de Luis Fernando Verissimo, autor das ‘Comédias da vida privada’
Na antologia “Veríssimas” (2016), a atriz Patrícia Pillar, que se tornou depois amiga do escritor e da família, é citada nada menos que 18 vezes e virou até verbete. Em uma das crônicas, Verissimo declara: “O pudim de laranja é a única prova convincente da existência de Deus. Além da Patricia Pillar, claro”.
Em abril, a atriz publicou uma foto com Verissimo e Zuenir Ventura, lembrando de um encontro entre os três.
Outra Patrícia, a Poeta, também foi musa inspiradora de crônicas do autor gaúcho desde 2001, quando ainda era garota do tempo no “Jornal Nacional”. Em seus textos, comentava cada detalhe da apresentadora e conterrânea: “Hoje ela está de cabelo preso. Acho que prefiro solto. Máxima de 55 no Rio. Máxima é ela. Ou será mínima? Se for baixinha, é uma grande baixinha.”
O escritor ainda celebrava a existência da AAPP, a Associação dos Adoradores da Patrícia Poeta, sempre com humor e charme. O primeiro encontro entre os dois aconteceu em um “Programa do Jô”, quando o apresentador fez uma surpresa para Verissimo com Patricia “escondida” na plateia. A musa se declarou fã do escritor desde criança, e brincou que foi de salto porque ele havia dito numa crônica nã saber se ela era alta ou baixinha. “Tamanho perfeito”, retrucou ele.
A atriz Luana Piovani — que estrelou o primeiro episódio da série “Amor Verissimo”, que estreou em 2014 no GNT, inspirado em crônicas do autor gaúcho — também foi tema de sua escrita. Em “A cláusula do elevador”, que fala de um acordo pré-nupcial sobre fidelidade, Verissimo desfila: “– Digamos que eu fique preso num elevador com a Luana Piovani. Depois de dez, quinze minutos, ela diz “Calor, né?”, e desabotoa a blusa. Mais dez minutos e ela tira toda a roupa. Mais cinco minutos e ela diz “Não adiantou”, e começa a desabotoar a minha blusa… O contrato deveria prever que, em casos assim, eu estaria automaticamente liberado dos seus termos restritivos. Ela concordou, em tese, mas argumentou que a licença pleiteada deveria ser específica, rechaçando a sugestão dele de que se referisse genericamente a “Luana Piovani ou similar”. Ficou decidido que ele estaria automaticamente liberado da obrigação contratual de ser fiel a ela no caso de ficar preso num elevador com a Patrícia Pillar, a Luma de Oliveira ou uma das duas (ou as duas) moças do “Tchan”, além da Luana Piovani, se o socorro demorasse mais de vinte minutos.”
Luana Piovani e Marcelo Faria em cena de ‘Amor Verissimo’, inspirado em crônicas do escritor — Foto: Bruno Poppe
Ao longo de toda uma outra crônica, Verissimo escreveu sobre encontros que reúnem pessoas com um mesmo sobrenome, para ao final brincar que no seu caso defendia isso só por interesse: conhecer pessoalmente a atriz Lúcia Veríssimo — que não tem parentesco com o escritor.