Mike Johnson, presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, afirmou, em declarações aos jornalistas, que sentiria uma “grande hesitação” em considerar conceder um perdão ou uma comutação da pena de Ghislaine Maxwell, que está a cumprir 20 anos de prisão por tráfico sexual no caso de Jeffrey Epstein.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, e os seus apoiantes, nomeadamente Johnson, têm estado sob imensa pressão para que seja revelada toda a informação sobre Jeffrey Epstein, especialmente aquela que envolve Trump. Também relativamente a Ghislaine Maxwell, é possível verificar uma divisão de opiniões dentro dos vários líderes e dentro dos partidos.
Mike Johnson foi questionado no domingo sobre a possibilidade de um perdão ou comutação da pena de Maxwell na sequência das visitas do procurador-geral adjunto, Todd Blanche, na última quinta-feira, para a entrevistar. Em resposta, Johnson declarou que “20 anos não é nada para o que ela fez”.
“Se estão a perguntar pela minha opinião, ela devia ter uma sentença de prisão perpétua, no mínimo. É difícil colocar em palavras a maldade do que se passou, mas o facto de ela ter participado activamente nestes crimes é, ao abrigo da sanção penal, imperdoável. Mas a decisão não é minha”, concluiu o presidente da Câmara dos Representantes.
Pressionado pelos jornalistas presentes para responder sobre se apoiaria um eventual perdão a Ghislaine Maxwell, Mike Johnson remeteu a decisão para Donald Trump. “É uma decisão do Presidente. Ele disse que não o considerou adequadamente. Se decidir conceder-lhe o perdão, não me vou opor porque não é da minha conta”, afirmou Johnson.
O representante republicano do Kentucky, Thomas Massie, por outro lado, diz ser a favor de conceder um perdão a Maxwell para que ela possa fornecer informações acerca de Jeffrey Epstein. “Se ela tem informações que nos podem ajudar, então tem de testemunhar. Vamos divulgar tudo. Eu seria a favor de fazer o que fosse necessário para a obrigar a testemunhar, desde que o testemunho fosse verdadeiro”, concluiu Massie.
No entanto, o representante democrata da Califórnia, Ro Khana, disse não acompanhar favoravelmente um perdão em troca de um testemunho. “Eu concordo que tem de testemunhar, mas ela (Ghislaine Maxwell) foi acusada duas vezes de perjúrio. Por isso é que é preciso divulgarem os ficheiros, precisamos de provas independentes”, afirmou Khana.
No início da semana passada, Johnson interrompeu a sessão na Câmara dos Representantes antes que pudesse ser votada a divulgação dos ficheiros sobre Jeffrey Epstein. Este domingo, revelou ser a favor da divulgação, mas defendeu a sua própria posição de interrupção da sessão na semana passada.
“A legislação que foi proposta por Thomas Massie e Ro Khana implicaria a divulgação de informações que não foram corroboradas e que poderiam prejudicar gravemente as vítimas dos crimes cometidos por Jeffrey e Maxwell”, declarou. “É preciso proteger quem é verdadeiramente inocente, as vítimas. Em muitos dos casos eram menores de idade, vítimas de crimes indizíveis, abjectos e horrendos. Já sofreram demasiado”, concluiu Mike Johnson.
Thomas Massie discorda do presidente da Câmara dos Representantes. “Eu e o Ro Khana desenvolvemos esta proposta cuidadosamente, para que nenhuma vítima seja mencionada ou seja divulgada pornografia infantil. O argumento que Johnson apresenta é muito fraco e estão a esconder-se atrás dele”, disse Massie.