A Finlândia vai eliminar a suástica das últimas bandeiras da sua força aérea que ainda ostentavam o símbolo, informou a comunicação social nacional, citando fontes militares. A decisão surge mais de um século depois da introdução do emblema, que nos últimos anos tem gerado controvérsia e situações constrangedoras junto de aliados internacionais.
O coronel Tomi Böhm, comandante da Ala Aérea da Carélia, explicou à emissora pública YLE que a força aérea finlandesa decidiu avançar com a substituição das bandeiras que ainda continham a suástica. “O mundo mudou e vivemos de acordo com os tempos”, afirmou o militar, sublinhando que não existiu pressão política para esta decisão, mas sim uma necessidade prática de adaptação.
Segundo Böhm, a permanência do símbolo em determinadas bandeiras causava “situações embaraçosas” com visitantes estrangeiros, incluindo militares norte-americanos. Contudo, não foi avançada uma data concreta para a conclusão do processo de substituição.
A suástica foi adotada pela aviação finlandesa no início do século XX, décadas antes de o regime nazi a transformar num ícone do terror, do antissemitismo e da violência durante a Segunda Guerra Mundial. Apesar da sua utilização original estar associada a ideias de prosperidade, o significado mudou drasticamente no pós-guerra, quando o símbolo passou a estar intrinsecamente ligado ao nazismo.
A força aérea finlandesa deixou de utilizar a suástica como emblema oficial em 2017, substituindo-a por uma águia dourada com um círculo de asas. No entanto, algumas bandeiras de unidades e insígnias militares continuaram a exibir a figura.
Um porta-voz da força aérea declarou em 2020 à BBC que a presença do símbolo “provocava mal-entendidos de tempos a tempos”, razão pela qual se considerou “impraticável e desnecessário” mantê-lo em uniformes e insígnias.
As Forças de Defesa da Finlândia confirmaram à agência Associated Press (AP) que o plano de remodelar as bandeiras da força aérea foi iniciado em 2023. “Queremos atualizar o simbolismo e os emblemas das bandeiras para refletirem melhor a identidade atual da força aérea”, declarou a instituição, esclarecendo que a decisão não está ligada à adesão do país à NATO.
A Finlândia juntou-se formalmente à aliança atlântica em 2023, seguida pela vizinha Suécia no ano seguinte. Ainda assim, a substituição das bandeiras é vista como parte de um esforço de maior integração militar com aliados europeus.
Para o professor Teivo Teivainen, especialista em política mundial da Universidade de Helsínquia citado pela Newseek, a decisão está em sintonia com a realidade internacional: “Há agora a necessidade de uma integração mais profunda com as forças de países como a Alemanha, os Países Baixos e a França — países onde a suástica é claramente um símbolo negativo”, disse o académico à AP.