A atriz norte-americana Julia Roberts interpreta uma professora universitária num drama que aborda uma alegação de agressão sexual no meio académico, negando que o filme trate o tema de forma politicamente incorreta.
O filme, intitulado Depois da Caçada, é dirigido pelo realizador italiano Luca Guadagnino e conta ainda com as atuações de Ayo Edebiri e Andrew Garfield. A estreia aconteceu no Festival de Cinema de Veneza, onde Roberts pisou o famoso tapete vermelho do Lido pela primeira vez na sua carreira.
Na trama, Roberts dá vida a Alma Olsson, professora de filosofia em Yale, cuja vida é abalada quando uma aluna próxima acusa um colega e amigo de longa data de agressão sexual. O filme explora os dilemas morais, as lealdades e as divisões geracionais enfrentadas pelos académicos num ambiente marcado por tensões políticas e sociais.
Em declarações aos jornalistas antes da estreia, Julia Roberts rejeitou as críticas que sugerem que o filme poderia lançar suspeitas sobre sobreviventes, sobretudo mulheres negras, enquanto mantém uma ambiguidade em relação aos homens acusados. “Não fazemos reivindicações, retratamos as pessoas nesses momentos,” afirmou. “Queremos provocar uma conversa, que as pessoas se emocionem ou se indignem, depende de cada um. Se este filme serve para isso, é o mais importante.”
A atriz, vencedora do Óscar em 2001 por Erin Brockovich , confessou que gostou do desafio de interpretar uma personagem complexa, com conflitos pessoais como o vício em analgésicos e as dificuldades para lidar com a acusação.
Luca Guadagnino acrescentou que o filme não pretende dar um veredicto moral, mas sim mostrar a colisão de diferentes perspetivas: “Cada um tem a sua própria verdade. Não é que uma seja mais importante que a outra.”
Para o realizador, o filme também é um retrato da luta pelo poder, onde a personagem de Roberts tenta avançar na sua carreira num ambiente politicamente carregado. “Quando vejo ambição de querer mais do que os outros, fico interessado porque é uma condenação,” comentou.