Em 2024, 76% dos portugueses leu pelo menos um livro, um acréscimo em relação à percentagem medida no ano anterior. No entanto, a quantidade de livros lidos desceu para uma média de 5,3, e a percentagem de portugueses que compraram um também caiu. As conclusões são do estudo “Hábitos de Compra e Leitura em Portugal”, apresentado esta quarta-feira pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) na conferência BOOK 2.0 – O Futuro da Leitura.

Cerca de 60% dos portugueses com 15 ou mais anos incluem a leitura nas suas actividades de lazer, com as mulheres a terem mais hábitos de leitura (64%) do que os homens (54%), sobretudo entre os 35 e os 54 anos (71% são leitoras). Ainda assim, e em geral, os livros continuam a não ser uma prioridade face outras actividades, como conviver com amigos (mais de 90%), estar nas redes sociais (84%), ver televisão (72%), assistir a eventos culturais ou desportivos (72%) ou praticar desporto (63%). Mais de metade dos portugueses (53%) afirma que o gosto pela leitura é a principal motivação para a sua prática.

A faixa etária dos 25-34 anos passou a ser o grupo com maior índice de leitura (91% afirmou ter lido no último ano), seguido de perto pelos adultos entre os 35 e os 54 anos (86%). Já os mais jovens, entre os 15-24 anos, são o grupo etário que revela o maior crescimento nos hábitos de leitura face ao estudo anterior, de 58% para 76%. A população acima dos 75 anos é a que apresenta níveis de leitura mais baixos.

As razões mais citadas para a escassez de hábitos de leitura são a falta de interesse (46%), a falta de tempo (39%) e a preferência por outras actividades de lazer (35%). 40% dos não leitores considera que a escola tem um papel fundamental no reforço dos hábitos de leitura praticados em casa.

Já no que toca à compra de livros, o inquérito da APEL indica que 58% dos portugueses adquiriram-nos em 2024, num recuo significativo face aos 65% reportados em 2023, com uma média de 3,9 exemplares adquiridos por pessoa (também menos do que em 2023, ano em que foram contabilizados 4,8 livros comprados por leitor. Ainda assim, o mercado editorial português registou, em 2024, um crescimento de 9%, atingindo os 204 milhões de euros, em comparação com os 187 milhões de euros registados em 2023. Os dados, interpreta a APEL, sugerem que há uma maior concentração de compra de livros num menor grupo de leitores.

O papel continua a liderar as preferências dos entusiastas literários em território nacional, com 92% dos portugueses a escolher ler em suporte físico. Ainda assim, a percentagem está ligeiramente abaixo da que se registou em 2023 (93%), e desce para 84% na faixa etária entre os 15 e os 24 anos.

O estudo revela que o digital tem vindo a ganhar terreno entre os leitores portugueses: 22% dos portugueses lê livros em formato digital, um aumento de 5% em relação a 2023, em que se registou uma percentagem de 17%. A percentagem eleva-se para 32% na faixa etária entre os 25 e os 34 anos. Os dispositivos favoritos continuam a ser os e-readers (45%), seguidos pelos tablets (37%) e pelos telemóveis (35%). Estes últimos registaram o maior crescimento em relação ao ano passado (+6 p.p.).

O papel mantém-se o formato dominante, com 92% dos portugueses a preferirem ler em suporte físico, ligeiramente abaixo dos 93% registados em 2023. Esta percentagem desce para os 84% na faixa etária entre os 15 e os 24 anos. O digital, contudo, tem vindo a ganhar espaço: 22% dos portugueses já lê livros em formato digital, contra 17% em 2023. Esta percentagem sobe para os 32% na faixa etária entre os 25 e os 24 anos. Relativamente ao dispositivo de leitura mais usado, os e-readers lideram (45%), seguido pelo tablet (37%) e pelo telemóvel (35%), que registou o maior crescimento face ao ano anterior (+6 p.p.).