Era o jogo do tudo ou nada. Depois da vitória inaugural contra a República Checa, Portugal perdeu com Sérvia, Turquia e Letónia na fase de grupos do Campeonato da Europa de basquetebol e estava completamente obrigado a vencer a Estónia para seguir para os oitavos de final da competição. Do outro lado, porém, estava uma equipa que tinha de fazer exatamente o mesmo para alcançar exatamente o mesmo objetivo.

Na antevisão da partida, o selecionador nacional não tinha dúvidas de que era possível seguir em frente. “Demos o primeiro passo no primeiro jogo, falta-nos dar o segundo para atingir o objetivo e é nisso que temos de nos focar. Vai decidir se atingimos a nossa meta ou não e, tal como disse aos jogadores, temos de encarar isto como uma partida que vai para prolongamento”, começou por explicar Mário Gomes.

O show de Porzingis num período que marcou o resto: Portugal perde com Letónia e vai fazer “final” com Estónia no Europeu

“O jogo está empatado, agora é preciso jogar o resto. O estado de espírito da equipa é bom, não pode ser outro. Eles têm noção disso. Sempre definimos que o mais importante ao logo da competição era reagir sempre, independentemente de correr melhor ou pior, de modo a que se chegássemos ao último jogo a não depender de ninguém para decidir as coisas. É o que vai acontecer e continuo confiante de que a equipa pode consegui-lo porque temos essa capacidade”, acrescentou o treinador, que podia levar Portugal aos oitavos de final do EuroBasket pela primeira vez desde 2007.

Assim, na Xiaomi Arena de Riga, a capital da Letónia, Portugal entrava em campo com Diogo Ventura, Diogo Brito, Travante Williams, Miguel Queiroz e Neemias Queta, sendo que o segundo, a par de Rafael Lisboa e Francisco Amarante, atingia esta quarta-feira as 50 internacionalizações. O jogo chegou empatado ao final do primeiro quarto (14-14), com a Estónia a mostrar-se muito preocupada com Neemias Queta e a anular o poste dos Boston Celtics, que chegou ao fim dos dez minutos iniciais com apenas um ponto.

Portugal sofreu no início do segundo período, demorando mais de três minutos a registar os primeiros pontos, e chegou a ter sete pontos de desvantagem. A recuperação começou já na segunda parte do quarto e a Seleção Nacional chegou mesmo a empatar e a impedir que a Estónia marcasse durante quatro minutos. Ao intervalo, porém, os estónios estavam a vencer por cinco pontos (32-27).

Neemias Queta foi excluído no terceiro período devido a duas faltas técnicas e depressa se percebeu que, apesar de fazer sempre falta, a ausência do poste podia ser uma boa notícia para Portugal — a Estónia tinha a lição estudada para apagar o jogador dos Boston Celtics e, sem essa referência perdeu-se. Assim, Portugal conseguiu mesmo dar a volta ao marcador e chegou ao fim do terceiro quarto já a vencer (45-47).

A Seleção Nacional conseguiu manter-se na dianteira no derradeiro período, chegando mesmo a ter uns inéditos sete pontos de vantagem, mas o adversário respondeu ao melhor período português e soube mesmo carimbar a reviravolta a minuto e meio do fim. Rafael Lisboa reagiu com um triplo brutal, converteu os quatro lances livres decisivos e foi herói para fazer história: Portugal venceu a Estónia no jogo decisivo (65-68), ficou no quarto lugar do Grupo A com dois triunfos em cinco jornadas e garantiu o apuramento para os oitavos de final do Campeonato da Europa de basquetebol pela primeira vez desde 2007. Na próxima ronda, muito provavelmente, o adversário será a Alemanha.