O elevador da Glória foi alvo de inspeção na manhã do acidente. É isso que parece comprovar um documento a que o Observador teve acesso. A inspeção começou 13 minutos depois das 9 da manhã e terminou 30 minutos depois.

Ainda de acordo com o documento a que o Observador teve acesso, os responsáveis pela manutenção do elevador da Glória, quadros da empresa MNTC — Serviços Técnico de Engenharia, concluíram que o “ascensor tinha todas as condições para operar” e que a mudança do cabo deveria ocorrer dali a 263 dias.

No mesmo documento, pode ler-se que as correntes, os carris e as ferragens das carruagens foram dadas como estando em conformidade. E também a rede aérea, o cabo de equilíbrio e a fossa foram inspecionadas e dadas como normais.

As rotinas de manutenção destes ascensores têm periodicidades diferentes. Existem inspeções diárias, semanais, mensais e trimestrais.

Este documento comprova que existia de facto uma empresa responsável pela manutenção do elevador. Recorde-se que o mais recente concurso para a manutenção do Elevador da Glória foi cancelado pela Carris no final de agosto porque todas as propostas recebidas tinham ficado acima do valor orçamentado. A empresa, no entanto, garante que celebrou um novo contrato.

Depois de alguma especulação sobre a existência ou não de um contrato de manutenção em vigor, a Carris esclareceu publicamente que esse vínculo existia. “Na sequência das notícias veiculadas, a Carris informa que tem em vigor um contrato de manutenção para os ascensores e elevador de Santa Justa, não tendo existido qualquer interrupção no serviço de manutenção a estes equipamentos”, esclareceu a empresa em comunicado.

A Carris disse também que “foi celebrado um novo contrato que está em vigor desde 1 de setembro de 2025”, sendo que tal não está disponível para consultar, porque, sublinhava a empresa, “contratos celebrados ao abrigo do setor especial não estão publicados no portal Base”.

Mais tarde, o presidente da Carris, Pedro de Brito Bogas, confirmou aos jornalistas nos últimos 14 anos, a manutenção do Elevador da Glória tem sido assegurada por uma empresa externa, a Main Maintenance Engineering (MNTC), adiantando que está em curso um inquérito para apurar se se tratou de um problema de manutenção.