Em menos de um ano, Tresnae Ramsey perdeu 45 quilos com o medicamento para obesidade tirzepatida, mas sua pele carregava o registro da transformação — flácida, caída e acumulada em dobras suaves. “Quando me sento no sofá, ouço um ploop”, disse ela.

No início, parecia um preço pequeno a pagar: à medida que perdia peso, as dores da endometriose e da fibromialgia diminuíam, e sua pressão arterial e níveis de açúcar no sangue se normalizavam. Mas, à medida que a pele se tornava flácida e os seios pendiam, Ramsey, de 37 anos, começou a se sentir constrangida, evitando academias, piscinas públicas e outros locais onde o corpo ficaria exposto.

Os poderosos que emagreceram

Descubra o que cada um deles fez para perder peso

O excesso de pele já era conhecido entre pacientes de cirurgia bariátrica ou que perdiam peso rapidamente. Nos últimos anos, médicos relatam aumento do problema com o uso de novos medicamentos para obesidade — como Ozempic, Zepbound e Wegovy — cada vez mais potentes e populares.

Um em cada oito adultos nos Estados Unidos afirma ter usado esses remédios, impulsionando a demanda por procedimentos de contorno corporal que removem ou firmam a pele flácida. Porém, muitos desses serviços têm custo elevado, e as alternativas não cirúrgicas — como ultrassom, radiofrequência e tratamentos a laser — são pouco estudadas após grandes perdas de peso. Isso abriu espaço para uma indústria artesanal de influenciadores que vendem cremes, colágeno, suplementos e outros produtos duvidosos online.

“Achei que sabia como seria perder peso”, disse Ramsey. “Ninguém me avisou sobre a flacidez da pele.”

A ciência da pele flácida

Colágeno e elastina são proteínas que conferem firmeza e elasticidade à pele, permitindo que ela se flexione conforme o corpo ganha peso, músculo ou durante a gravidez. Mas, como um elástico muito esticado, a pele nem sempre se recupera.

Ao perder peso, a camada de gordura da pele, chamada hipoderme, encolhe, deixando um espaço vazio entre a pele e o músculo. “A pele precisa se deslocar para algum lugar, e geralmente se desloca para baixo por causa da gravidade”, explicou a Dra. Holly Lofton, especialista em medicina da obesidade da NYU Langone Health, em Nova York.

Embora a pele possa se retrair para se adaptar aos novos contornos, isso tende a acontecer apenas em pessoas jovens ou que perdem pouco peso. Acima de 22 quilos ou com perda rápida, a recuperação é limitada. Após os 25 anos, a produção de colágeno e elastina diminui, afirmou a Dra. Heather Woolery-Lloyd, dermatologista na Flórida. “Se sua pele se recuperar, você terá sorte”, disse.

A flacidez também pode trazer problemas de saúde. O atrito da pele sobre si mesma pode causar erupções cutâneas, assaduras e feridas abertas, segundo Kayla Northam, enfermeira especializada em medicina da obesidade no Hospital Geral de Massachusetts. Acúmulo de suor nas dobras aumenta o risco de infecções bacterianas e fúngicas.

A perda de peso expressiva pode afetar o emocional. Northam, que perdeu 68 quilos aos 20 anos com cirurgia bariátrica, descreve a experiência como “desmoralizante e desconfortável”. Estudos indicam que a flacidez está associada a maiores índices de depressão, embora a insatisfação corporal geralmente diminua após emagrecimento significativo.

Limites de cremes, exercícios e cirurgia

Ramsey testou dezenas de cremes e loções promovidos nas redes sociais. Especialistas alertam que eles não agem profundamente para restaurar a elasticidade da pele. Hidratantes e ácido hialurônico podem melhorar o volume e a aparência, enquanto produtos com retinol ou vitamina C ajudam na textura e no aspecto mais firme, mas sem alterar a estrutura da pele.

Suplementos de colágeno podem oferecer algum benefício na hidratação ou elasticidade, mas estudos sugerem que efeitos reais são limitados e muitas vezes influenciados por financiamentos da indústria. A construção muscular, por meio de exercícios de resistência, é a abordagem mais eficaz para preencher espaços deixados pela perda de gordura.

Para perdas modestas, de até 22,5 kg, tratamentos de ultrassom e radiofrequência podem estimular colágeno e elastina, com resultados visíveis em 3 a 6 meses. Já os lasers suavizam rugas, mas não esticam a pele. Todas essas terapias têm alto custo e exigem repetição periódica.

A cirurgia é, segundo especialistas, a única forma definitiva de remover o excesso de pele. Procedimentos como lifting de rosto, braços, mamas, coxas, abdominoplastia e paniculectomia esticam a pele remanescente. Pacientes precisam manter o peso estável por pelo menos seis meses. Riscos incluem sangramento, infecção e cicatrizes permanentes, que muitas vezes são aceitas pelos pacientes devido aos benefícios estéticos e funcionais.

A Sra. Northam só conseguiu a cirurgia morando com os pais por um ano para economizar. Ramsey ainda avalia a opção, mantendo rotina de exercícios e cuidados com a pele. “É só saber que estou fazendo tudo o que posso”, disse. “Pelo menos estou tentando.” Ela agora vê sua pele flácida como um símbolo de conquista: “Vejam o que consegui superar.”