O Presidente dos Estados Unidos anunciou que irá dar um prazo de “dez ou 12 dias” a Moscovo para pôr um ponto final na guerra na Ucrânia antes de aplicar sanções à Rússia e a países terceiros que comprem exportações russas, como o petróleo.
Donald Trump, que a 14 de Julho havia dado 50 dias a Vladimir Putin para acabar com o conflito, disse estar “muito desiludido” com o seu congénere russo, que acusa de estar a prolongar indefinidamente o conflito.
Na Escócia, onde esta segunda-feira se encontrou com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, Trump disse aos jornalistas que irá estabelecer um novo prazo de “dez ou 12 dias a partir de hoje”, porque não vê motivos para aguardar por uma posição diferente do Kremlin.
“Não há razão para esperar… Não vemos qualquer progresso a ser feito”, afirmou o líder norte-americano, citado pela Reuters. Sem acordo de paz com a Ucrânia, os EUA não terão alternativa senão aplicar sanções à Rússia e “talvez tarifas secundárias”, afirmou Trump.
“Não quero fazer isso à Rússia. Eu amo o povo russo”, assegurou o líder norte-americano, lamentando que as negociações não tenham levado a nenhum lado. Estas declarações surgiram depois de uma terceira ronda de negociações entre russos e ucranianos em Istambul, na quarta-feira passada, dia 23 de Julho, que terminou mais uma vez sem um acordo de cessar-fogo.
“Pensámos que tínhamos resolvido o assunto inúmeras vezes e, depois, o Presidente Putin sai e começa a lançar bombas numa cidade como Kiev e mata muitas pessoas num lar de idosos ou algo do género”, afirmou o Presidente dos EUA, que antes de regressar à Casa Branca, em Janeiro, havia prometido acabar com a guerra no prazo de 24 horas.
A verdade é que a 14 de Julho, quando, numa reunião com o secretário-geral da Nato, Mark Rutte, na Casa Branca, Donald Trump anunciou a aplicação de tarifas às exportações russas em 50 dias, também se declarou “muito desiludido” com Putin. Mas de lá para cá, essa decepção não teve quaisquer efeitos práticos.
Ainda nesta madrugada de segunda-feira a capital ucraniana voltou a ser atacada e a explosão num prédio residencial causou oito feridos, incluindo uma criança de três anos. Quatro vítimas tiveram de ser hospitalizadas e uma está em estado grave.
Na rede social X, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, revelou que os sistemas de defesa aérea interceptaram várias dezenas das centenas de drones russos enviados para território ucraniano durante a noite. “Vários mísseis [russos] também foram interceptados durante a noite. Infelizmente, nem todos”, disse Zelensky.
Segundo o Kiev Independent, durante as conversações da semana passada, a Ucrânia propôs a realização de uma cimeira presidencial no final de Agosto entre Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin.
O ministro ucraniano da Segurança e Defesa, Rustem Umerov, que liderou a delegação, diz que as prioridades são sempre “as pessoas, o cessar-fogo e o encontro dos líderes”, mas Moscovo já disse várias vezes que considera que Zelensky não tem legitimidade para governar.
O Kremlin não fez qualquer comentário imediato sobre os comentários de Trump na Escócia, mas, em Julho, quando Trump fez o primeiro ultimato, o Kremlin considerou as afirmações do líder norte-americano “muito sérias” e merecedoras de “uma análise mais cuidadosa”.
Segundo a versão em inglês do jornal russo Pravda, o porta-voz de Vladimir Putin, Dmitry Peskov, afirmou que os ucranianos “interpretavam as declarações dos EUA como um sinal para continuar com a guerra”. Ainda na semana passada, Peskov afirmou que a Rússia “sempre” quis resolver o conflito “através de meios políticos e diplomáticos” e acusou a Ucrânia e os seus aliados de rejeitarem as suas “propostas de diálogo”.
Já o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergey Ryabkov, respondeu que a Rússia “não aceita que ninguém lhe tente impor condições, especialmente se vierem sob a forma de um ultimato, mesmo que sejam apresentadas como uma iniciativa de paz”.