A equipa de campanha de Carlos Moedas recusa comparações que têm sido feitas entre o presidente da Câmara de Lisboa e os socialistas Jorge Coelho e Fernando Medina, nas quais Moedas tem sido acusado, na sequência do acidente que causou 16 mortes no Elevador da Glória, de não assumir responsabilidades, ao contrário do então ministro das Infraestruturas, já falecido, aquando da queda da ponte de Entre-os-Rios, em 2001, e de pedir a demissão do seu antecessor, por a autarquia ter divulgado dados de ativistas contra o regime de Putin à Embaixada da Rússia, no escândalo que ficou conhecido por “Russiagate” e implicou o pagamento de uma coima de 738 mil euros.

Para a coligação Por Ti, Lisboa, que junta PSD, CDS e Iniciativa Liberal, as comparações com o caso de Jorge Coelho, que tem sido apontado como um dos raros casos de responsáveis políticos que tiraram consequências de mortes numa área que tutelavam, esbarram no facto de o gabinete do ministro do segundo Executivo de António Guterres ter recebido relatórios da Junta Autónoma das Estradas (JAE) que chamavam a atenção para o risco de colapso da ponte Hintze Ribeiro. Algo que se veio a comprovar a 4 de março de 2001, quando o tabuleiro centenário cedeu, arrastando para a morte 59 ocupantes dos veículos que caíram ao rio Douro.

Pelo contrário, fontes próximas da coligação Por Ti, Lisboa realçam que não havia tais alertas no Elevador da Glória, nem indícios de falhas de manutenção como as que contribuíram para a tragédia de Entre-os-Rios. Ao ponto de a estrutura igualmente centenária, que é uma das atrações turísticas da capital, ter sido inspecionada poucas horas antes do acidente.

Também no que toca à analogia com Fernando Medina, a equipa de Moedas contrapõe que o então presidente da Câmara de Lisboa autorizou a partilha de informações pessoais sobre os ativistas russos que organizaram um protesto na capital, no ano de 2021, contra a detenção do dissidente Alexei Navalny, que acabaria por morrer numa prisão na Rússia. Uma decisão que fez perigar a vida dos envolvidos e que acabou por ter um forte impacto nas contas da autarquia.

Também está a ser refutada a publicação nas redes sociais do antigo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, que escreveu nesta sexta-feira que “Moedas é prisioneiro das suas próprias declarações em 2021, quando exigiu a demissão de Fernando Medina”, acrescentando que para sabermos quem tem responsabilidade política “não é preciso esperar por nenhuma investigação”. E recordadas as declarações do então ministro das Infraestruturas, quando o descarrilamento de um comboio Alfa Pendular fez duas vítimas mortais em Soure. Nessa altura, em 2020, Pedro Nuno Santos defendeu que não se deve “especular sobre as causas do acidente” antes das conclusões do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários.