E se o melhor remédio não estiver na farmácia? Por muito tempo, falar sobre sexo foi tabu. Hoje, a medicina reconhece que a vida sexual ativa não é apenas fonte de prazer, mas também um aliado poderoso para a saúde física e mental. Cientistas e médicos apontam que o ato sexual pode atuar como um “ansiolítico natural”, melhorar a imunidade, fortalecer o coração e até proteger o cérebro contra o envelhecimento.

A ginecologista e sexóloga Mariana Landim explica que “o sexo funciona como um exercício físico leve a moderado, capaz de regular a pressão arterial, aumentar a frequência cardíaca e melhorar a circulação”. Segundo ela, os hormônios liberados durante a relação ainda reduzem dores como cólicas e dor de cabeça, além de melhorarem o humor e a qualidade do sono.

Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Arizona mostrou que em camundongos com insuficiência cardíaca, a atividade sexual melhorou a função do coração, reduziu o acúmulo de fluidos e aumentou a longevidade em quase 25%, além de alterar a expressão gênica e os níveis hormonais, sugerindo efeitos protetores para a saúde cardiovascular.

No campo cognitivo, a Universidade de Oxford, em parceria com a Universidade de Coventry, descobriu que adultos com mais de 50 anos com vida sexual ativa apresentavam melhor desempenho em testes de fluência verbal e habilidades visuoespaciais. O estudo, publicado na The Journals of Gerontology, aponta que a atividade sexual pode estimular funções executivas do cérebro, protegendo contra o envelhecimento cognitivo e promovendo um envelhecimento saudável.

Já os pesquisadores do Centro Médico da Universidade Erasmus, do Centro Médico Universitário de Utrecht, e da Universidade de Utah destacam ainda os efeitos de curto e longo prazo da sexualidade: melhora do humor, redução do estresse e fortalecimento do sistema imunológico. A liberação de hormônios como oxitocina e endorfinas funciona como um “ansiolítico natural”, mostrando que o sexo é mais que prazer: é aliado da saúde física e mental.

Os estudos já comprovam que o sexo faz bem: ao combinar benefícios cardiovasculares, cognitivos e imunológicos, a atividade sexual regular se mostra um componente essencial do bem-estar, reforçando que a sexualidade não é apenas uma questão de prazer, mas também um pilar importante para uma vida saudável e equilibrada.

Cascata de bem-estar

O orgasmo, ápice da sensação de prazer na excitação durante a relação, é descrito pela ginecologista como uma cascata de acontecimentos fisiológicos no organismo. Ela explica que esse fenômeno ocorre graças à liberação de hormônios do prazer, diminuição dos hormônios do estresse, contrações e relaxamentos da musculatura pélvica e do organismo como um todo.

Para a especialista, a frequência e a qualidade das relações sexuais devem estar alinhadas. “Quando o ato se dá de forma prazerosa e satisfatória para ambos, o sistema de recompensa — principalmente feminino — é ativado, e o cérebro entende e busca este prazer com maior frequência”, aponta. “Em contrapartida, a frequência sem qualidade alimenta um ciclo de frustração que leva muitos casais ao afastamento físico e emocional.”

Todas as faixas etárias são beneficiadas pelo sexo. Mariana destaca, no entanto, que a mulher percebe a sexualidade de forma divergente em diferentes fases da vida. “Por exemplo, a mulher na menopausa tem a “vantagem” de sua experiência de vida em detrimento das adolescentes que estão iniciando seu entendimento sobre o próprio corpo e sobre o outro; porém, por vezes a mulher no climatério sofre as consequências físicas do período, necessitando auxílio ginecológico para manter a qualidade de vida e o conforto”, completa. 

Sexo e saúde mental 

Segundo o psiquiatra Pedro Leopoldo de Araújo Ortiz, o sexo é muito mais do que um ato biológico de reprodução. “É um recurso poderoso para a nossa saúde mental”, argumenta.

Ele explica que, durante a relação, “dopamina, serotonina e endorfinas melhoram o humor e reduzem a ansiedade, enquanto a oxitocina — o hormônio do amor — fortalece vínculos afetivos”. A longo prazo, completa, “esses processos ajudam a proteger contra depressão, declínio cognitivo e até doenças neurodegenerativas”.

Um estudo da Wilkes University (EUA) mostrou que pessoas que fazem sexo uma ou duas vezes por semana têm 30% mais imunoglobulina A (IgA), anticorpo essencial para a defesa contra infecções como gripe e resfriado.

Ortiz destaca que “a excitação sexual e o orgasmo ativam células de defesa, enquanto a redução do estresse crônico fortalece indiretamente a imunidade”. Ele lembra ainda que “mesmo a masturbação pode trazer benefícios, já que o que importa é a excitação e o orgasmo”.

Vergonha e repressão ainda pesam sobre a sexualidade. Ortiz afirma que “o silêncio sobre o sexo não é um vazio; ele é um veneno silencioso que corrompe o corpo e a mente”.

Para o psiquiatra, falar abertamente sobre sexualidade é um ato de cuidado: “a palavra traz para a luz aquilo que foi escondido. Quando o desejo é nomeado e compartilhado, ele deixa de ser fonte de angústia e passa a ser força de vida”.

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O sexo não deve ser visto apenas como performance, mas como um recurso de autocuidado. Ele atua no corpo como remédio natural, gratuito e acessível. “Mais do que um ato físico, o sexo é uma experiência de vínculo e bem-estar”, resume Ortiz. Se o prazer já era motivo suficiente, a ciência agora confirma: o sexo é também um aliado indispensável da saúde.

Sexóloga e psicóloga, Alessandra Araújo separou 5 dicas para celebrar o Dia do Sexo, celebrado neste sábado (6/9). Confira:

5 Dicas para celebrar o Dia do Sexo

  • Redescubra o prazer em detalhes: Que tal transformar a intimidade em uma aventura sensorial? Dedique tempo para o prelúdio, explorando beijos mais longos, carícias lentas e provocantes. Use óleos de massagem, texturas diferentes ou até mesmo um leve sopro para redescobrir o corpo do seu parceiro (e o seu próprio!) com uma nova atenção aos detalhes. O foco aqui é a jornada do prazer, não apenas o destino.

  • Crie um ambiente íntimo e sensual: Prepare o palco para a celebração. Isso pode significar organizar um jantar romântico com velas, preparar um banho relaxante a dois com espumas e aromas, ou simplesmente arrumar o quarto com lençóis mais macios e uma iluminação suave. A ideia é criar um espaço que convide à entrega e ao relaxamento, longe das distrações do dia a dia.

  • Comunicação aberta e desejos novos: O Dia do Sexo é o momento perfeito para colocar as cartas na mesa. Converse com seu parceiro sobre desejos que talvez vocês nunca tenham explorado, fantasias guardadas ou até mesmo sobre o que mais gostam um no outro. Uma conversa sincera e sem julgamentos pode abrir portas para novas experiências e fortalecer a conexão, transformando a intimidade em algo ainda mais personalizado e excitante.

  • Experimentem algo novo juntos: Quebre a rotina! Isso pode ser algo tão simples quanto experimentar uma nova posição sexual, usar um brinquedo novo, explorar um cenário diferente (talvez um cantinho mais inusitado da casa?) ou até mesmo planejar uma “noite temática”. A novidade injeta uma dose de adrenalina e diversão na relação, reforçando a cumplicidade e a aventura a dois.

  • Foco no prazer mútuo e na conexão: Lembre-se que o objetivo principal é celebrar a conexão e o prazer de ambos. Concentre-se em dar e receber prazer, em estar presente no momento e em curtir a companhia um do outro. Às vezes, o melhor presente é simplesmente se conectar de forma íntima, demonstrando carinho, atenção e reafirmando o desejo que um sente pelo outro. O prazer compartilhado é a verdadeira celebração.

 

Amanda S. Feitoza

Jornalista formada pela UnB, com passagens pela Secretaria de Segurança Pública do DF, pelo Instituto Federal de Brasília (IFB) e pela Máquina CW. Entusiasta nas áreas de cultura, educação e redes sociais, integra a equipe do CB-Online.

Bianca Lucca Repórter

Jornalista pelo Centro Universitário de Brasília, apaixonada por literatura e questões sociais. Passou pela editoria de Cultura e agora escreve para o CB On-line, onde assina o Blog Daquilo.