Regressar das férias não é só regressar à rotina. É encontrar uma Lisboa de novas mesas e sabores para provar enquanto ainda há lugar. Ao longo dos meses de verão, foram vários os restaurantes que abriram pelas ruas da capital, desde a zona mais oriental até São Bento. Por uns já ansiávamos há muito, como o Bica do Sapato, com o “turno zero” a aceitar já as reservas, ou o Broto, com o chef Pedro Pena Bastos longe do fine dining a partir de setembro, enquanto que por outros há ainda que esperar um pouco mais, até ao final do verão.

Se fizermos este regresso ao dia a dia a começar em Marvila encontramos por lá um Café des Épices, irmão do original, em Marraquexe. De portas abertas desde junho, veio trazer para Lisboa a essência daquela cidade marroquina, com tapetes a cobrir as paredes e grandes candeeiros a cair do teto daquele armazém junto ao 8 Marvila. Natural de Fez, a chef Soumia apresenta uma carta típica, onde as tagines são a grande especialidade: há de chakchouka (14 euros), almôndegas (16 euros), frango (18 euros), vaca (20 euros) e polvo (20 euros). Já em Alvalade, há que provar um hambúrguer artesanal 100% de pato feito com mão Michelin. Em soft opening desde julho mas com abertura marcada para dia 4 de setembro, o chef Rodrigo Castelo, com uma estrela no Ó Balcão, em Santarém, chega ao bairro lisboeta com o Quack Shack, um conceito que vem equilibrar o rigor gastronómico e acessibilidade. Aqui é o pato quem manda, num menu curto e dedicado apenas a esta ave, com apenas duas sugestões à escolha: uma mais consensual, que responde pelo nome de Quack burger (9,90 euros), com pão brioche, queijo e manteiga artesanal de leite de vaca com alho e salsa, e que tem a versão duplo, e o Quack signature (12,90 euros), mais elaborado com um pão brioche que lembra a textura de um croissant para receber depois um hambúrguer de pato mais alto, com pickles de laranja e pepino e alho francês laminado. “A única coisa que eles têm em comum é o hambúrguer de 140 gramas de carne, a manteiga de alho com salsa, que é uma manteiga caseira, e o queijo. Os produtos são todos nacionais”, esclarece o chef em conversa com o Observador.

Foi há mais de um ano que Rodrigo Castelo foi desafiado por João Seabra e Nuno Pimenta — os dois sócios do espaço — a criar um negócio tal como o conhecemos agora: uma casa só de hambúrgueres de pato. Os testes foram sendo feitos, passando pela não tão óbvia assim ligação da laranja ao pato, até chegarem ao resultado final. “Isto é 100% sustentável. Tudo o que sobra do pato vai para o croquete ou para caldos. Este pato não tem intensificadores de sabor, não tem sal, portanto nutricionalmente é um produto muito bom”, explica o chef. É esse produto que João Seabra quer que se torne no melhor hambúrguer de Portugal, confessa ao Observador, revelando ainda já terem clientes habituais no bairro de Alvalade desde a abertura em julho: “Este senhor vem todas as terças e quintas-feiras ao 12h30”.

A Santa Apolónia, já sabemos que o Bica do Sapato está de regresso, seis anos depois de ter “fechado para obras”. Desta vez, o restaurante que durante 20 anos foi tendência, e o sítio onde toda a gente queria estar, vai dividir-se em dois. Em soft opening desde agosto, o investimento imobiliário de Francisco Lacerda e Celso Assunção tem capacidade para 300 lugares, oferecendo a opção de escolher entre dois restaurantes (ou ainda o serviço de delivery), com um horário de funcionamento que deve ir do pequeno-almoço aos copos, das 10h até às duas da manhã. Cá em baixo é Milton Anes quem lidera, com um menu que se inspira na gastronomia francesa e em Trás-os-Montes. Já o andar de cima — no mezanino — onde dantes funcionava um espaço de sushi, a aposta agora é numa taberna moderna, com comidas de mão, privilegiando releituras das sandes clássicas portuguesas, como o prego, a bifana, o pão com chouriço ou a francesinha. A cozinha está ao cargo de Hugo Guerra, que já esteve na equipa do Bica do Sapato no passado. Na mesma zona, há um Almadrava para descobrir no Campo de Santa Clara. Com vista para o Panteão Nacional, esta casa — da mesma dupla da Taberna Meia Porta — abriu portas em julho com um conceito fácil de agradar: “Peixe e vinho”. Pelo meio, há ostras e cerveja Musa.