Com 2.913 inscrições vindas de todo o Brasil, da África, de Portugal e até da França e do Canadá, o 2º Prêmio Candango de Literatura chegou à fase de finalização da primeira etapa, quando o primeiro grupo de 30 jurados avalia os livros. É nesse momento que a premiação se encontra hoje. Em uma segunda etapa, 15 jurados fazem a avaliação final para escolher os vencedores nas sete categorias. 

Organizado pela Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do DF e coordenado pela Casa de Autores, o prêmio tem a intenção de homenagear e prestigiar a língua portuguesa em todas as suas formas. A diversidade é uma marca, e a ideia é reunir obras publicadas em todos os países de língua portuguesa. “A previsão é que a gente faça a divulgação dos finalistas no fim de setembro e início de outubro”, avisa Maurício Melo Júnior, coordenador do prêmio. De cada categoria, serão escolhidos 10 finalistas que serão lidos por um segundo júri, formado por 15 pessoas.

A identidade dos jurados é mantida secreta nesse primeiro momento da premiação, mas Melo Júnior explica que eles têm origens variadas. “São de todas as regiões do país e de fora”, garante. Há nomes de Portugal, África e Brasil, escritores e pessoas ligadas às universidades e ao mundo da leitura. Este ano, o prêmio também contou com um curador: João Anzanello Carrascoza, que venceu a edição de 2022 na categoria contos com Tramas de meninas. 

Os ganhadores nas categorias Melhor Romance, Melhor Livro de Contos, Melhor Livro de Poesia e Prêmio Brasília levam R$ 35 mil cada um e os vencedores de Melhor Capa e Melhor Projeto Gráfico ficam com R$ 20 mil. Na categoria Incentivo à Leitura, o prêmio é de R$ 15 mil. Os livros precisam ter sido publicados em 2024, originalmente em língua portuguesa. “Acho que o diferencial desse prêmio é o fato de ser voltado para a língua portuguesa. E isso é que dá importância sobretudo. A diversidade que a gente sentiu no primeiro prêmio é fantástica e mostra a vitalidade grande da língua”, garante Melo Júnior. “É uma injustiça esse idioma ter ganho apenas um prêmio Nobel, porque a riqueza é enorme, e o prêmio candango mostra isso a partir do momento que tem uma diversidade muito grande e uma unidade muito grande. Ao mesmo tempo que cada um desses países tem seu falar, todos se entendem. Há um respeito à forma como a língua portuguesa se construiu ao longo do tempo.”

Ele lembra que alguns teóricos já falam que existe uma língua brasileira, uma língua portuguesa e uma língua africana. “Mas eu acho que  é tudo a língua portuguesa mesmo, com seus diferentes sotaques e suas recriações a partir de um único eixo. E isso é bonito. A gente lê essas obras que chegam dos outros países e vê como é bonito o retrabalhar dessa língua. Então, o Prêmio Candango é importantíssimo porque valoriza essa questão da riqueza”, diz. 

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A primeira edição do prêmio foi realizada em 2022 e contou com 1.984 inscrições. 

A intenção é que fosse anual, mas alguns problemas no edital adiaram a segunda edição, realizada agora, três anos depois. “A gente está muito contente, Houve uma grande expansão da primeira edição para essa segunda. E um empenho de divulgação da própria organização geral da premiação. Houve força maior de promoção do prêmio. Porque, inicialmente, não se teve muita visibilidade que é um prêmio internacional. Nesta segunda edição, a gente trabalhou bastante para ficar visível essa diferença, uma vez que só temos um outro prêmio assim no Brasil, que é o Oceanos”, explica João Anzanello Carrascoza, curador da premiação. “O prêmio ganhou, nesta segunda edição, uma força maior de volume de inscrição, multiplicidade de locais de onde vêm as inscrições, uma composição mais equilibrada do corpo de jurados. Acreditamos que se deve revelar também um resultado em termos de qualidade. A gente vai descobrir obras e autores que a própria comunidade lusófona não tem um grande olhar.”

Segundo o escritor, que já ganhou três prêmios Jabuti, um APCA, um Eça de Queiroz e um Guimarães Rosa, premiações são fundamentais para consolidar a obra de autores que estão em circulação, mas nem sempre são vistos. É, também, uma oportunidade de ter uma avaliação mais aprofundada da voltagem literária do trabalho. “O prêmio é um recorte do que tem sido produzido e é um dos legitimadores da qualidade literária de um autor. Não é o único, tem outros como vendas, tradução, adaptação para teatro, cinema, lançamento de e-book. Mas, obviamente, um autor com seu livro precisa passar pela avaliação de seus  pares e o prêmio são os pares legitimando esse trabalho, porque são julgados por autores, críticos, acadêmicos. É gente que está construindo o cânone da literatura. É importante que um autor tenha essa honraria”, garante.

 

  • Maurício Melo Júnior lança Sete solidões, no Beirute

    Maurício Melo Júnior lança Sete solidões, no Beirute
    Foto: Divulgação

  • Crédito:  Renata Massetti/Divulgação. Escritor João Anzanello Carrascoza, que acaba de lançar o primeiro romance Aos 7 e aos 40, pela Cosac Naify.

    Crédito: Renata Massetti/Divulgação. Escritor João Anzanello Carrascoza, que acaba de lançar o primeiro romance Aos 7 e aos 40, pela Cosac Naify.
    Foto: Renata Massetti/Divulgação

  • 19/07/2013. Crédito: Renata Massetti/Divulgação. Escritor João Anzanello Carrascoza, que acaba de lançar o primeiro romance Aos 7 e aos 40, pela Cosac Naify.

    19/07/2013. Crédito: Renata Massetti/Divulgação. Escritor João Anzanello Carrascoza, que acaba de lançar o primeiro romance Aos 7 e aos 40, pela Cosac Naify.
    Foto: Renata Massetti/Divulgação

  • Escritor João Anzello Carrascoza

    Escritor João Anzello Carrascoza
    Foto: Renata Massetti

  • Escritor João Anzello Carrascoza

    Escritor João Anzello Carrascoza
    Foto: Adriana Vichi

  • Escritor João Anzello Carrascoza

    Escritor João Anzello Carrascoza
    Foto: Adriana Vichi

Nahima Maciel Repórter

Repórter do Correio Braziliense desde 2000 com experiência na cobertura de Cultura, especialmente artes plásticas, literatura e teatro.