Depois da épica vitória no Angliru que o aproximou da camisola vermelha de Jonas Vingegaard, João Almeida viu Marc Soler lançar-se numa investida solitária para ganhar a 14.ª etapa da Vuelta. O ciclista português perdeu dois segundos para a liderança da classificação geral e, depois de cruzar a meta no terceiro lugar, não escondeu que precisava da ajuda do espanhol no esforço final.

“O plano não era ter o Marc na fuga, mas decidimos que seria boa ideia. Com o vento de frente, talvez depois ele me tenha feito falta. Mas não temos nada a perder, tentámos ir pela vitória e demos o melhor. O Vingegaard é super forte. Já fico feliz por ter conseguido seguir na roda dele”, explicou João Almeida, com o próprio Marc Soler a confirmar que a vitória foi uma surpresa.

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“Não esperava, não era a minha intenção estar na fuga. Pensava em trabalhar para o Almeida e deram-se estas circunstâncias, arranquei e fiquei sozinho. Pus o meu ritmo e vi que mantinha a diferença. Sabia que se o João atacasse ou deixasse o Vingegaard teria de parar. Mas no final pude chegar em primeiro. Estava tudo para ele, para o João. Mas era uma fuga muito grande, arrancou o [Victor] Campenaerts, segui-o e a partir daí soube mover-me para depois rematar”, indicou o ciclista espanhol, confirmando que as indicações da UAE Emirates para o que resta da Vuelta prendem-se com o apoio quase incondicional ao português.

A Vuelta regressava à estrada já este domingo e antes do segundo dia de folga, esta segunda-feira, com 167,8 quilómetros entre A Veiga e Monforte de Lemos, uma contagem de montanha de primeira categoria e outra de segunda, mas sem montanhas categorizadas apesar de um percurso algo irregular. Jay Vine e Louis Vervaeke soltaram-se desde muito cedo, com João Almeida e Jonas Vingegaard a manterem-se na liderança do pelotão e algo atrás de um grupo perseguidor que incluía Mads Pedersen.

A dupla da frente foi apanhada a pouco mais de seis quilómetros do fim e tanto Mads Pedersen como Egan Bernal não demoraram a posicionar-se para o ataque à vitória. O dinamarquês acabou mesmo por triunfar na chegada ao sprint a Monforte de Lemos apesar de só ter verdadeiramente atacado no último quilómetro, ficando à frente de Orluis Aular e Marco Frigo e com Magnus Sheffield a cair na derradeira curva, e aproximando-se cada vez mais de tornar a camisola verde numa verdadeira vitória na classificação por pontos.

Ivo Oliveira foi o melhor português do dia, cruzando a meta no 11.º lugar, e o pelotão chegou muito atrasado e cerca de 13 minutos depois de Mads Pedersen ganhar: João Almeida foi 63.º, Jonas Vingegaard foi 65.º com Matteo Jorgenson entre os dois candidatos à vitória e a classificação geral da Vuelta manteve-se inalterada no topo, com o português ainda a 48 segundos da liderança do dinamarquês.