Varsóvia inaugurou uma biblioteca na estação de metro, na esperança que os polacos troquem os telemóveis pelos livros. Chama-se Metroteka e também tem um jardim subterrâneo vertical, conta o The Guardian.
São cerca de 16 mil livros, divididos entre miúdos e graúdos, disponíveis num espaço de cerca de 150 metros quadrados. Estão na estação de metro de Kondratowicza, da linha M2, no bairro de Targówek. Para terem acesso à leitura, os cidadãos e transeuntes da capital podem usar uma máquina de checkout automático, com recurso a um chip. Quando acabarem, só têm que os devolver no mesmo local, ou num cacifo, colocado à superfície e que pode ser usado 24 horas por dia, todos os dias.
A “biblioteca expresso”, como também lhe chamam, tem uma área comum, na qual podem ser requisitados computadores portáteis ou, simplesmente, para beber um café ou um chocolate quente. E é gratuito.
Para ajudar a trazer paz a uma infra-estrutura que não transborda dela, principalmente nas horas de ponta, há também um jardim vertical, que funciona sem luz solar, claro, por se encontrar dentro do metro. Ali, podem ser cultivadas ervas como manjericão, orégãos e flores de várias espécies.
No primeiro dia, foram requisitados mais de 400 livros. Os favoritos foram leituras recomendadas para a escola, guias de viagem e manuais de instruções para certas actividades.
Just opened in Warsaw: the library of the future! ??
16,000 books, hydroponic gardens, coffee, laptop zones & even board games!What do you think? We think it’s super handy! ??#Warsaw #Metroteka #MetroLibrary pic.twitter.com/Z6uJJUmfK5
— Go2Warsaw (@Go2Warsaw) September 4, 2025
Este modelo surge num país que, apesar de ler mais do que a Europa do Sul, tem percentagens menores face aos países nórdicos e vizinhos, como é o caso da República Checa. Isto porque a Polónia perdeu a maior parte das suas bibliotecas na Segunda Guerra Mundial. Há, por isso, muitas pessoas que não têm a memória de ver os seus familiares mais velhos a ler um livro, muito menos a coleccionar alguns. Em 2024, apenas 41% dos polacos tinha lido pelo menos um livro, segundo um inquérito da Biblioteca Nacional da Polónia.
Desde a Segunda Guerra, o número não foi sempre tão baixo. No final da década de 1990 e início dos anos 2000, as percentagens rondavam os 50%. Contudo, a televisão e o streaming vieram mudar os hábitos de consumo. O telemóvel, portátil e de dimensões perfeitas para levar nas viagens de metro, foi o prego no caixão literário.
“O nosso sonho é que a Metroteka se torne um centro educativo e cultural, e não apenas um local onde se podem requisitar livros”, afirma a vice-directora da biblioteca de Targówek. Grażyna Strzelczak-Batkowska explica que esta localização, onde os ocupados polacos passam quase obrigatoriamente, e modelo de checkout são a solução perfeita para que os ocupados polacos se voltem a aproximar da biblioteca. “Os livros não são feitos de vidro — basta entrar, pegar num, colocá-lo numa máquina e pronto. Está tudo pronto para uma nova aventura”, disse ao diário britânico, não deixando margem para desculpas.